Era tudo uma farsa

Caiu a máscara: proibição do Carnaval era política

Direita proibiu o Carnaval com o argumento de que buscava evitar a disseminação do vírus, mas desobriga o uso da máscara logo depois.

As cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro, bem como o Distrito Federal, desobrigaram o uso de máscaras contra a Covid. A partir de agora, em SP e no DF, o uso de máscara deixa de ser obrigatório em lugares abertos e só será exigido em lugares fechados; no Rio, a prefeitura deixou de obrigar o uso de máscaras inclusive em lugares fechados.

O que chama a atenção nisso tudo é que, poucas semanas antes, o governo dessas cidades havia proibido o Carnaval, supostamente para evitar o contágio pelo coronavírus. O que já era claramente farsesco, agora se torna ainda mais evidente: com a proibição do Carnaval, a burguesia não buscava impor uma medida sanitária para evitar que o vírus se espalhasse, mas, sim, buscava reprimir o povo e impedir a realização da festa popular.

A burguesia teme todo tipo de manifestação de massas – inclusive as manifestações que ela pode controlar e muito mais as manifestações que não pode. O carnaval, as festas populares e o futebol são exemplos de manifestações que mobilizam todo o país e que a burguesia não tem como controlar; com isso, é óbvio, ela busca algum artifício para poder reprimi-las. Na questão do futebol, ela utiliza a desculpa de que “as torcidas organizadas são violentas”; para o Carnaval, a pandemia foi a desculpa.

Entretanto, agora é mais que comprovado que a repressão aos foliões não era resultado de nenhuma preocupação sanitária. Fosse assim, os blocos privados não teriam sido liberados; fosse assim, pouco mais de uma semana depois do Carnaval, até o uso de máscaras teria sido desobrigado. A realidade é que a repressão ao Carnaval era um ataque político: assim como, em 2019 e em 2020, diversos foliões puxavam palavras de ordem contra o governo Bolsonaro, neste ano, a festa de Carnaval tinha tudo para virar um verdadeiro comício em favor da candidatura de Lula.

O ataque ao Carnaval, em última instância, foi um ataque contra a candidatura de Lula, contra uma manifestação popular que, inevitavelmente, defenderia a candidatura do ex-presidente. Os golpistas nunca estiveram preocupados com a questão sanitária, afinal, durante toda a pandemia, os trabalhadores foram obrigados a seguir trabalhando e, portanto, a pegar ônibus cheios e superlotados.

Foram os golpistas que, desde o ano passado, estão realizando a volta às aulas – isto é, o envio de diversos jovens para as salas de aula, superlotadas, com boa parte dos alunos não vacinados e sem máscara, portanto expostos ao vírus. Os trabalhadores e os estudantes foram mandados, no auge da pandemia, para que se aglomerassem nos transportes públicos lotados e nos ambientes de trabalho/estudo. Para o povo pobre, não houve “fique em casa” – isso existiu apenas para a pequeno-burguesia.

Preocupações sanitárias ou o Carnaval da repressão?

Conforme visto, a burguesia deixou o povo pobre morrer vítima do vírus. Todavia, chegando no Carnaval, os golpistas decidiram proibir a festa do povo sob a alegação da pandemia – que eles mesmos negligenciaram.

Companheiros militantes do PCO em Olinda-PE, do bloco O Tubarão do Canal da Malária, foram presos por sair às ruas para comemorar o Carnaval e defender a candidatura de Lula. Tal atitude repressiva demonstra bem o nível de autoritarismo dos golpistas: eles usaram a pandemia como pretexto para esmagar os direitos individuais da população, para passar por cima dos mais básicos direitos democráticos, como o direito de ir e vir.

A proibição do Carnaval cumpre o papel de servir como pretexto para a burguesia censurar e reprimir não só a cultura popular, como também as manifestações do povo contra o golpe. O caso absurdo da repressão contra os companheiros por sair às ruas durante o Carnaval demonstra o nível a que chegou a repressão, além do mau-caratismo dos golpistas, que sequer se esforçaram para esconder que a repressão contra o Carnaval era puramente política.

Ora, demandaria uma excelente explicação por parte do regime político e da burguesia de conjunto o porquê de manifestações, o Carnaval e as festas populares transmitirem Covid-19, ao passo que transporte público lotado, trabalho, escolas, mesmo que tudo isso sem máscara, não transmitem o vírus.

Ou o vírus só é transmitido em mobilizações populares que ameacem os interesses dos golpistas, ou a proibição do Carnaval foi uma completa farsa, que utilizou a questão sanitária única e exclusivamente como desculpa para impedir o povo de sair às ruas, de gritar palavras de ordem contra o governo ilegítimo de Bolsonaro e em favor da candidatura de Lula.

A esquerda que apoiou o “fique em casa” – que era uma desculpa por parte dela para não mobilizar o povo contra o golpe durante a pandemia –, em um momento em que a imensa maioria do povo era obrigada a se aglomerar nos transportes públicos, também contribuiu para essa situação. No entanto, a proibição do Carnaval não traz nenhuma melhora real nos índices epidemiológicos, muito menos atende a uma demanda real da população; tal medida extremamente autoritária e antidemocrática não passou de uma farsa para, se utilizando da desculpa do coronavírus, reprimir e perseguir todo mundo que fosse às ruas participar do Carnaval.

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