Durante a semana passada, na internet, tomou corpo uma discussão sobre futebol que parece boba, em primeiro momento. A discussão se pauta numa comparação, criada sem nenhuma grande razão aparente, entre Adriano Imperador e o jogador Harry Kane, do Tottenham, da Inglaterra.
A discussão parece ter iniciado pelo Twitter, quando usuários teriam levantado a questão, mas cresceu mesmo quando a TNT Sports fomentou o debate com o objetivo de capitalizar seu empreendimento. A empresa de jornalismo futebolístico é financiada por grandes empresários capitalistas estrangeiros e faz parte de um conglomerado empresarial interessado em vender futebol estrangeiro ao brasileiro. Desse modo, é fácil entender o porquê do interesse numa discussão tão ridícula.
Abrir espaço para que Adriano Imperador seja comparado a Harry Kane é de um desespero absurdo e escancarado, de alguém que precisa diminuir o futebol brasileiro para vender seu produto. O intuito é apenas um: fazer propaganda para tentar justificar a entrada do capital estrangeiro no Brasil. O que se nota, na verdade, é o financiamento de ataques e qualquer coisa do tipo que coloque o futebol brasileiro abaixo do ele realmente é. É interessante, em todos os sentidos para os capitalistas estrangeiros, que o melhor futebol do mundo seja desvalorizado. É muito difícil aceitar que um país sul-americano seja pentacampeão, e não algum europeu.
De cara, para falar sobre o infame debate, esta matéria precisou informar onde joga e qual a nacionalidade do tal desafiante de Adriano, este que, do contrário, se tiver seu nome falado no mundo inteiro, é reconhecido. Harry Kane, apesar de ser um bom jogador, apresentando bons números em sua carreira, precisa trabalhar muito ainda para ser comparado a Adriano, que está prateleiras acima.
A constância na carreira de Kane encanta os perdidos que não viram o Imperador jogar. Se fala que o inglês apresenta números muito melhores do que os do brasileiro, que teve a carreira encurtada por algumas infelicidades e pela pressão dos capitalistas, que queriam capitalizar à todo custo em cima dele. Esses números, no entanto, não se refletem em títulos, visto o Imperador acumula cerca de 16, enquanto o pobre inglês não conquistou nenhum aos 28 anos.
O fato é que, se Adriano Imperador tivesse a mesma constância de futebol em anos de carreira que o inglês ou jogasse na mesma época que ele, mesmo tendo nas estatísticas uma média menor de gols e assistências, era muito mais óbvio que essa discussão é brutalmente ridícula. Usando o mesmo argumento, válido em termos, de que o futebol é um esporte coletivo e que os números não refletem necessariamente a realidade. Adriano é fatalmente mais decisivo.
Em verdade, a grande questão em torno dessa discussão é que os grandes conglomerados capitalistas do futebol estrangeiro aproveitam a oportunidade para vender seu produto, diminuindo e atacando a importância do futebol brasileiro e seus craques eternos. Desse modo, trabalha-se para criar ilusões acaloradas e motivadas por momentos, utilizadas com objetivo de vender o produto de um futebol que, nem de longe, é melhor do que o nosso.





