As autoridades brasileiras mais uma vez ousaram incriminar indígenas por tentarem se defender. O caso aconteceu na terra indígena da Raposa do Sol, a liderança da comunidade Lilás no município de Uiramutã na região das Serras acionou a assessoria Jurídica do Conselho Indígena de Roraima que foi até a sede da delegacia de Polícia Civil de Pacaraima.
As lideranças indígenas locais estavam sendo acusadas de tentativa de homicídio contra um sujeito vindo da comunidade Maracanã I, o qual, explicaram as lideranças, estava tentando adentrar no território indígena alcoolizado e apresentando um comportamento visivelmente desorientado, quando foi parado pelos locais que impediam seu acesso. O sujeito então acelerou o passo desrespeitando a ordem dos indígenas que faziam o trabalho de Vigilância e Monitoramento Territorial no Posto de Vigilância Geraldo Makuxi, quando foi seguido pelos mesmos e acabou por cair da moto e se machucando.
Mais tarde o elemento voltou ao local com a polícia militar, que negando se a ouvir os indígenas algemou os e levou-os para a delegacia de Pacaraima.
Por volta das 23h, depois de ouvir as lideranças, o delegado local concluiu que tratava-se de um engano e após lavrar um termo circunstanciado de Ocorrência em desfavor das lideranças os liberou.
É fato corriqueiro na região a ação de terceiros e da própria polícia militar contra os indígenas a mando dos latifundiários locais, que querem abrir caminho para o garimpo e outras formas de invasão, bem como a cobertura dada pelas autoridades locais aos agressores que acabam pondo a culpa nos próprios indígenas pela agressão sofrida. As lideranças indígenas do Conselho Indígena de Roraima (CIR) avaliam que as constantes ameaças estão ligadas à promessa de Bolsonaro de liberar o garimpo nas terras indígenas.
É preciso impedir a presença de forças policiais nas terras indígenas, constituir comitês de auto defesa entre os indígenas e armá-los para que eles mesmos façam a sua proteção bem como a demarcação justa e definitiva de todas as terras indígenas.