Algo muito progressista

Ação da Rússia enfraquece o imperialismo e favorece a revolução

Operação militar na Ucrânia sem resposta à altura da OTAN demonstra a fragilidade do regime imperialista, o que abre caminho para a luta dos trabalhadores pela revolução proletária

O conflito que ocorre entre Rússia e Ucrânia (ou melhor, os EUA e a OTAN) no momento atual já está dando indícios de que é muito mais do que uma simples disputa territorial ou uma questão localizada do imperialismo com a Rússia naquela região. Se Putin e os russos acreditam que o conflito irá terminar e que tudo voltará ao normal posteriormente, apenas com a questão da Ucrânia finalizada, estão muito enganados.

O imperialismo norte-americano, a OTAN e seus associados não irão desistir dessa questão. O que está na perspectiva deles atualmente é a própria liquidação tanto da Rússia quanto da China. Eles não mais conseguem conviver com o poder que os dois países têm no momento. Para o imperialismo se manter como tal, é preciso acabar com o poder das duas potências locais, da mesma forma que eles mantêm o Brasil ou a Índia sem poder nenhum. O poder alcançado pelos russos e chineses neste momento é algo fora do esquema. Para o imperialismo, é preciso neutralizar os dois países para recuperar seu poderio.

Uma campanha de guerra total

Uma prova de que a questão tende a se agravar é a própria campanha anti-Rússia que tem se desenvolvido, não só na imprensa, mas em todas as áreas da sociedade. Trata-se de uma campanha monstruosa, que deveria incomodar a qualquer pessoa com um espírito mais democrático ou de esquerda. Trata-se de uma campanha de guerra, não é simplesmente uma campanha contra a ocupação da Ucrânia pelos russos, mas é uma campanha contra todo o povo russo de um modo geral. É uma campanha xenofóbica e até racista contra toda a cultura e povo de um país.

Diversos artistas russos foram proibidos de se apresentar, foram cancelados eventos e espetáculos que tivessem alguma relação com a cultura russa, a seleção russa foi punida pela Fifa e não poderá participar da próxima Copa do Mundo e o mesmo se deu nas Olimpíadas. É impressionante que a esquerda ataque Putin por conta do que ocorre na Ucrânia, mas não diga absolutamente nada sobre a campanha xenofóbica do imperialismo.

Só a campanha publicitária já demonstra o clima de guerra total que há por parte do imperialismo. Ela já demonstra que a política a ser levada adiante não será nada positiva no futuro próximo.

A solução é a revolução

Essa situação toda não tende a arrefecer. Na verdade, a tendência é que tudo se agrave e que o conflito se intensifique, e não será nada fácil para o mundo todo, mas principalmente para os russos e os chineses. Além disso, é preciso compreender que a burguesia nacional da Rússia e mesmo da China não são capazes de impôr uma derrota total ao imperialismo. A tentativa destes governos de procurar uma convivência pacífica e de desenvolver o que vem sendo chamado pela esquerda como “mundo multipolar” está totalmente fora de cogitação. O imperialismo não convive em paz com os países atrasados, da mesma forma que um patrão não pode conviver em paz com os trabalhadores explorados.

É evidente que o conflito tem a importância de enfraquecer o capitalismo mundial, o que é positivo para todos os oprimidos. No entanto, a solução para a questão do imperialismo só virá com a sua derrota total, e essa derrota só poderá ser imposta pela classe trabalhadora mundial. É lógico que o imperialismo está enfraquecido, a própria dificuldade em dar conta da reação dos russos à sua provocação é prova disso. É preciso, portanto, aproveitar esse enfraquecimento e desenvolver uma luta da classe operária contra o capitalismo mundial.

E, para que isso ocorra, não é necessariamente obrigatório que haja uma revolução nos Estados Unidos da América, mas uma revolução em qualquer parte do mundo já seria um impacto gigantesco na situação mundial. Um exemplo disso é a Venezuela, que realizou “meia” revolução e já é um problema considerável para a dominação do imperialismo na América Latina. Imagine, então, se isso acontecesse no Brasil, um país muito maior e mais importante.

Além disso, o conflito favorece o desenvolvimento da situação revolucionária. A revolução russa de 1917 ocorreu após a Primeira Guerra. Naquele momento, também ocorreram revoluções na Alemanha e na Hungria. Após a Segunda Guerra, também houve movimentações revolucionárias em alguns dos principais países do mundo, como Itália e França.

Isso tudo demonstra que a debilidade do imperialismo é o mesmo que a revolução. O imperialismo tentou aprofundar sua dominação da região no entorno da Rússia, e os russos reagiram, o que já consiste num importantíssimo feito político. Isso já levou a um enfraquecimento de toda a burguesia mundial. Os outros efeitos da guerra são totalmente desconhecidos, mas o enfraquecimento do capitalismo mundial é algo certo.

Tudo começou com o Talibã

Para concluir, é importante lembrar que tudo isso começou com o Afeganistão. A derrota fenomenal do imperialismo naquela região foi fundamental para encorajar um país atrasado como a Rússia a reagir à provocação imperialista.

O Talibã conseguiu a proeza de levantar toda a população afegã contra o exército mais poderoso do mundo e expulsá-lo de seu país. Bastou Putin ver como o Talibã conseguiu se impôr sobre o exército norte-americano para concluir que agora é um dos momentos mais propícios para agir contra eles; foi uma observação muito sábia.

Nesse sentido, é importante compreender que não se pode julgar os principais acontecimentos do mundo pelo que os seus agentes acreditam estar fazendo. O próprio Marx já dizia que a pior coisa que se pode fazer é julgar uma época pelo que as pessoas que vivem nela pensam de si mesmas.

Ainda que o Talibã possa crer que fez tudo o que fez para poder oprimir mais as mulheres, ou então impôr um califado ou estabelecer o império de Deus na Terra, o importante é observar o que eles efetivamente fizeram: impulsionaram a luta de um dos povos mais atrasados e esmagados do mundo contra o maior exército do mundo e os expulsaram de lá, um feito extraordinário.

Nesse momento, é preciso observar o feito do Talibã e dos russos e encorajar também a classe operária e os setores mais avançados da sociedade brasileira. Agora é o momento de derrotar o imperialismo também no Brasil. Uma etapa revolucionária tende a se abrir no momento atual, é preciso aproveitá-la.

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