Em declaração publicada no dia 26 de fevereiro, a ala esquerda do Partido Democrata dos Estados Unidos denunciou as intervenções imperialistas da OTAN na Ucrânia e no resto do mundo. A posição dos Socialistas Democráticos da América (em inglês, DSA – Democratic Socialists of America) indica um possível racha dentro dos democratas norte-americanos, no mesmo partido do falcão da guerra Joe Biden.
A ala esquerda dos democratas tem como uma de suas principais figuras o senador Bernie Sanders. Apesar de terem aproveitado a oportunidade para também atacar a Rússia, a declaração do DSA destoa do posicionamento tradicional dos democratas nas últimas décadas. O mais comum é justamente a demagogia em defesa da democracia como justificativa para as intervenções imperialistas. Nesse caso, o DSA contrariou a posição corriqueira e denunciou a própria OTAN, pedindo pelo fim da expansão imperialista e pela saída dos EUA da OTAN.
A questão da Ucrânia-Rússia está levando a um aprofundamento da crise interna no regime político norte-americano, onde Biden não possui nenhuma popularidade. Por outro lado, a extrema-direita representada por Donald Trump é muito forte e é um setor menos favorável às guerras, como pudemos ver no próprio governo de Trump. Mesmo com a vitória de Biden nas últimas eleições, a situação política está longe de ser controlada.
Nos Estados Unidos, assim como em todo o resto do mundo, a crise econômica se acentua cada vez mais. A crise do capitalismo tem gerado aumento da inflação, desemprego, fome e miséria por todo o planeta, o que acaba por acirrar ainda mais a polarização política. Esse aumento da polarização faz com que vários setores fiquem mais receosos de apoiar uma guerra imperialista, como é o caso do DSA. Esse setor do partido é mais ligado aos ativistas liberais e democráticos, aos estudantes, movimentos sociais de mulheres, negros e em uma menor medida, sindicais, que são os que sentem diretamente a pressão contra as intervenções imperialistas dos EUA.
Os setores contrários à guerra imperialista compreendem que esses conflitos podem desaguar em uma crise generalizada e de proporções até mesmo revolucionárias. Por isso a defensiva de entrar em guerras. A burguesia imperialista mundial encontra-se em situações cada vez mais complexas e delicadas. A guerra na Ucrânia, por exemplo, pode desencadear revoltas anti-imperialistas no resto do globo. No ano passado, tivemos o caso do Talibã no Afeganistão, que deu um verdadeiro exemplo para os povos oprimidos, expulsando os Estados Unidos de seu território.
A escalada revolucionária pode surgir a qualquer momento e em qualquer lugar do mundo. Neste sentido, a esquerda deve estar do lado dos povos oprimidos contra as agressões imperialistas. As populações de vários países já se posicionam de forma mais contundente contra essas agressões.
O fato de ter um setor do Partido Democrata indo contra a guerra, contra a intervenção imperialista e contra a OTAN, só deixa claro o cenário de crise mundial. O partido da burguesia financeira norte-americana e dos senhores da guerra também enfrenta uma crise interna, que só existe por conta da polarização e da mobilização dos setores anti-imperialistas.



