No último sábado (26), o companheiro Rui Costa Pimenta apresentou sua tradicional Análise Política da Semana, através da Causa Operária TV. O programa tem como intenção discutir os principais temas políticos da semana que passou. No caso desta semana, o companheiro Rui se debruçou sobre a questão do conflito entre Rússia e o governo ucraniano (apoiada pelo imperialismo).
O programa tratou do caso por vários ângulos, desde as concepções incorretas da esquerda a respeito do próprio regime político russo, até a posição que deveria ser adotada pela esquerda revolucionária em um conflito como esse.
Primeiramente, já é destacado o fato de que quase todas as correntes políticas do país se colocaram contra a ação da Rússia, condenando-a, inclusive o próprio governo Bolsonaro, que votou a favor de uma resolução condenando os ataques na ONU.
O companheiro Rui também assinala o fato de que nos últimos dias, todas as pessoas de todo o espectro político – desde a extrema-esquerda até a extrema-direita – condenaram o apresentador de podcast, Monark, por uma fala que ele fez em um programa defendendo a liberdade da criação de partidos no Brasil, incluindo entre eles o partido nazista. No entanto, no presente conflito, em que milícias nazistas ocupam e dominam a situação política na Ucrânia, ninguém parece se comover e todo o fervor “antinazista” da imprensa burguesa e da esquerda pequeno-burguesa parece ter se dissipado.
É preciso, nesse sentido, destacar que o nazismo que existe na Ucrânia é o “nazismo” mesmo, no sentido mais puro da palavra. As milícias nazistas que ali estão dominaram a situação, atacaram toda a população russa do país e estabeleceram uma ditadura contra todo o povo do país, ucrianianos, esquerda e principalmente os russos. O companheiro Rui também relembra que uma boa parte da esquerda brasileira apoiou e saudou o golpe de estado dado na Ucrânia em 2014 como se fosse uma grande revolução popular contra o presidente corrupto do país.
A “soberania” da Ucrânia
Foi lembrada a declaração de Cynara Menezes, que disse “Ou você defende a autodeterminação dos povos ou você encontra desculpas para defender a invasão de um país por outro, as duas coisas não dá”. A isso, o companheiro Rui responde que o mundo não é de faz-de-conta. A questão da autodeterminação dos povos não é, portanto, tão simples assim. É preciso, primeiramente, considerar que uma boa parte dos países do mundo são países artificiais, criados pelo imperialismo para melhor controlar os povos por eles oprimidos. Ele cita como exemplo o caso dos países da Península Arábica.
Além disso, há problemas de fronteira e outros problemas de outras naturezas. Um conflito que está colocado é o que ocorre entre Bolívia e Chile. Aí não dá para falar em autodeterminação dos povos. A Bolívia exige do Chile uma saída para o mar, e o Chile se nega a dar essa saída. Também é citado o exemplo da disputa entre Bolívia e Paraguai pela região do Chaco.
Nesse sentido, o problema da autodeterminação não resolve os conflitos. Se assim fosse, não haveria guerra em lugar nenhum, e a guerra surge o tempo todo em razão das contradições entre os povos.
Esse discurso só serve para defender o imperialismo quando algum país atrasado reage à opressão provocada por ele. Além disso, é preciso dizer que não há um problema de autodeterminação neste caso, visto que não está sendo discutido anexar a Ucrânia à Rússia. Os russos querem simplesmente que não se coloque a OTAN na porta de seu país.
A questão da guerra
Um setor da esquerda defende uma política pacifista, dizendo que toda guerra é injusta ou ruim. No entanto, é preciso dizer que há diversos tipos de guerra. Algumas guerras são sem sentido e deve-se protestar contra elas.
No caso atual, no entanto, a Rússia está entrando em conflito contra o imperialismo para impedir que eles cerquem o país deles com os exércitos da OTAN.
É totalmente absurdo a esquerda defender que a Rússia deveria tratar a questão na base do diálogo. Haja visto que, nas últimas semanas, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, procurou dialogar com todos os líderes do imperialismo – Biden, Macron etc. – a respeito da questão da Ucrânia, e todos eles se recusaram a ceder e mantiveram a decisão de anexar a Ucrânia à OTAN, botando o território russo em risco.
Diante disso, Putin reagiu militarmente, nada mais natural. É um pouco absurdo, diante desse fato, que o PT e outros setores da esquerda peçam para que se resolva a questão no diálogo, tendo em vista que o diálogo já ocorreu e a Rússia continuou ameaçada.
A Federação Russa
O companheiro Rui também dedicou um tempo da Análise para explicar a natureza do estado russo atual. Muitas pessoas confundem o país que existe hoje com a antiga URSS e também com o antigo Império Russo, liderado pelo tzar. Tratam-se de três fenômenos completamente diferentes. E entre esses três fenômenos, a Rússia atual é a menos poderosa de todos.
Foi também debatida a tese absurda de que a Rússia seria um país imperialista. Explicou-se que é impossível um país cujo principal bem de exportação é matéria-prima, como gás e carvão, poderia ser imperialista. Os países imperialistas dominam a economia mundial e exportam bens de consumo de alto valor agregado. Além disso, não dá para comparar o poder do exército russo com as forças armadas do imperialismo.
Estes são apenas alguns dos temas que foram tratados no programa. O companheiro Rui também discutiu outros pontos como a posição da esquerda nacional, a posição correta a se tomar diante da questão do imperialismo e uma projeção do que pode acontecer em um próximo momento. Caso queira saber melhor, confira abaixo a Análise Política da Semana do dia 26 de fevereiro de 2022:
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