Em declaração pública na última quinta-feira, o presidente russo Vladimir Putin anunciou como objetivo da ação militar na Ucrânia proteger a população que há oito anos é vítima da violência do governo golpista do país. Para tanto, citou abertamente a necessidade de desmilitarizar e “desnazificar” a Ucrânia, o que tem sido tratado com enorme cinismo pela imprensa burguesa.
Nazistas ontem e hoje
A origem de alguns dos grupos nazistas ucranianos remete à própria ocupação nazista na Segunda Guerra Mundial, quando os nacionalistas (portanto anti-URSS) apoiaram o regime de Adolf Hitler na perseguição a judeus, russos e diversas minorias étnicas na então república soviética. São nazistas ligados ao período em que a Alemanha nazista atuava para dominar toda a Europa e a gigantesca União Soviética. A perspectiva de esmagar o comunismo animou as burguesias de todos os países imperialistas até o ponto em que os interesses de parte deles foram prejudicados pelo expansionismo do imperialismo alemão, italiano e japonês.
Porém os ucranianos nazistas que lutaram contra o Exército Vermelho não são apenas fantasmas do passado, mas heróis dos nazistas que deram o golpe de Estado de 2014 e transformaram o país num campo de treinamento militar de nazistas de todo o mundo. Tudo isso com o apoio do Estado ucraniano, que tem incorporado comemorações oficiais e memoriais públicos a figuras como Symon Petliura, Stepan Bandera e Roman Shukhevych. Três criminosos de guerra, que entre outros crimes comandaram a matança de judeus, Petliura no final da Primeira Guerra Mundial, enquanto Bandera e Shukhevych na Segunda Guerra Mundial.
Após o golpe de Estado de 2014, milícias fascistas têm sido sistematicamente integradas às forças armadas do país, tornando o treinamento militar de milícias fascistas uma política do Estado ucraniano. As milícias fascistas têm sido importantes para a manutenção do governo fantoche do imperialismo ao impor um regime de terror contra a oposição ao governo, o que inclui toda a população das Repúblicas Populares de Donetsk e Lugansk.
Um artigo publicado no portal World Socialist Web Site repercute estimativa do ex-agente do FBI Ali Soufan de que “mais de 17 mil combatentes estrangeiros de 50 países vieram à Ucrânia nos últimos seis anos”. Aqui no Brasil, por exemplo, durante a prisão da militante bolsonarista Sara Winter em 2020 ela afirmou publicamente ter sido treinada na Ucrânia.
A amizade entre nazismo e imperialismo
Uma condição obrigatória para o desenvolvimento do fascismo é o apoio da burguesia, em especial a mais poderosa, a imperialista. Foi assim na Itália de Mussolini, na Alemanha de Hitler e no Japão do “Nacionalismo Showa” na primeira metade do século XX e é o caso atual na Ucrânia do golpe. O fascismo é um recurso à disposição do imperialismo quando a farsa democrática se mostra insuficiente para controlar a classe trabalhadora e se torna preciso uma medida de força.
Atualmente, o imperialismo norte-americano financia oficialmente as forças armadas ucranianas, sem qualquer restrição às milícias fascistas integradas. Trata-se de um financiamento direto, inclusive aos fascistas especificamente identificados com o nazismo alemão. Vale aqui destacar que a legislação que oficializa a parceria militar entre os Estados Unidos e a Ucrânia nazista foi assinada no ano seguinte ao golpe de 2014 pelo “democrata” Barack Obama, uma figura deplorável que até hoje é saudada por setores que se dizem esquerdistas.
As milícias que a Rússia combate hoje não apenas atacam as populações do Donbass, mas atuam contra a oposição ao governo e contra as organizações populares, como os sindicatos. São grupos armados pelo imperialismo para atuar contra a população do seu próprio país, em benefício da política de terra arrasada do neoliberalismo. Os incontáveis pacifistas de ocasião nas redes sociais e na imprensa burguesa ignoram que não há paz na Ucrânia desde o golpe de Estado financiado e organizado pelo imperialismo e executado pelas milícias fascistas.
Desnazificar é tirar a Ucrânia das garras do imperialismo
A destruição das milícias de extrema-direita na Ucrânia significa, na prática, acabar com o regime de terror e reabrir o caminho para uma atuação independente do país, o que implica necessariamente em uma aproximação com a Rússia. Estabelecer acordos com países atrasados, como a Rússia, implica em obter vantagens que não existem quando se está submisso ao imperialismo.
Ao imperialismo nada basta e as negociações e acordos estabelecidos não passam de mero teatro. São acordos onde todos os termos são estabelecidos pela burguesia mais poderosa e mais reacionária no planeta, os maiores parasitas que o mundo já conheceu. Sua possível derrota na Ucrânia significaria automaticamente a derrota do golpe de 2014 e uma vitória para todos os povos oprimidos do mundo, incluindo os trabalhadores dos países imperialistas.
Como colocado na declaração oficial de Putin a respeito da proteção das populações do Donbass:
“Buscaremos desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia, assim como levar aos tribunais aqueles que cometeram inúmeros crimes sanguinolentos contra moradores pacíficos, entre eles, cidadãos da Federação Russa.”
O julgamento dos crimes cometidos por essas milícias fascistas é uma tentativa de passar a limpo a história recente da Ucrânia que foi simplesmente omitida pelos monopólios da comunicação.





