Os acontecimentos dessa última semana, ocorridos na Ucrânia, destacam mais uma importante derrota do imperialismo. O país estava dominado por uma ditadura de extrema-direita, que deu um golpe de estado em 2014 com apoio dos Estados Unidos, estava sendo cogitado sua entrada na OTAN, o que levaria à instalação de milhares de tropas em sua região, todas com as armas apontadas para a Rússia. Ainda em 2014, começou uma ofensiva militar contra as repúblicas separatistas da região do Donbass, que só está em vias de se encerrar agora, e causou dezenas de milhares de mortos nesse período.
Toda essa situação estava pressionando e ameaçando a sobrevivência da Rússia, que reagiu de forma rápida e habilidosa, desembocando numa operação militar que encerrou o problema com muita rapidez e eficiência. A maior parte dos países imperialistas não esboçou nenhuma reação militar, permitindo que o governo ucraniano fosse derrotado praticamente sem resistência. Embora a situação ainda não tenha se definido, ela caminha para esse desenlace.
O povo afegão, junto com Talibã, expulsou os norte-americanos
Algo muito semelhante ocorreu no Afeganistão, em que o Talibã, com apoio da população afegã, conseguiu expulsar o exército norte-americano, que ocupava o país já fazia 20 anos, desde que foi lançada a chamada “guerra ao terror”, durante o governo Bush. O fato foi surpreendente, um grupo de pessoas muito pobres, com pouco armamento, conseguiu botar para fora de seu país o exército mais poderoso do mundo. A derrota foi tamanha que o governo Biden quase foi derrubado.
Naquele momento, o Partido da Causa Operária já apresentava uma análise sobre o impacto que a derrota para o Talibã traria para a política do imperialismo em todos os países do mundo. Era evidente que algo tão catastrófico encorajaria povos de todos os lugares a entrarem em enfrentamento com o imperialismo posteriormente. Com essa desestabilização da “polícia do mundo”, estava claro que os países atrasados iriam entrar numa ofensiva por seus territórios e por seus interesses.
A crise no Cazaquistão também tinha como alvo a Rússia
O mesmo ocorreu em diversos outros locais, mostrando que há uma dificuldade do imperialismo norte-americano de se impor política e militarmente A crise no Cazaquistão, no fim do ano passado, é outro exemplo disso. Manifestações de rua explodiram para protestar contra o aumento do preço do gás e com a clara finalidade de desestabilizar o governo cazaque.
Posteriormente, descobriu-se que foi tudo impulsionado pelo imperialismo norte-americano, com a participação ativa da organização National Endowment for Democracy (NED), uma fachada da CIA, que financia e impulsiona golpes de estado em todos os países. Boa parte das revelações acerca desse episódio foram feitas principalmente pelo governo russo, que era o alvo final de toda essa operação. No fim das contas, o governo cazaque conseguiu controlar a situação, com auxílio da Rússia, inclusive. Foi outra tentativa frustrada de golpe de estado por parte do imperialismo.
Hong Kong e a tentativa de desestabilizar a China
O caso de Hong Kong é semelhante. Em março de 2019, protestos ocorreram reivindicando a sua independência e a expulsão da influência de Pequim sobre o território autônomo. Os protestos tinham aquela aparência de armação, com a presença, inclusive, de bandeiras britânicas e dos Estados Unidos. Era evidente que se tratava de mais uma tentativa de impor a política imperialista dentro do território chinês.
Como reação a essa tentativa de desestabilização, o governo chinês criou uma Lei de Segurança Nacional, direcionada para os agitadores financiados pelo imperialismo e conseguiu controlar a situação. Mais uma derrota para os norte-americanos.
Na América Latina também há luta contra o imperialismo
O caso da Nicarágua, na América Latina, também obteve bastante destaque. Ao longo de 2018, o imperialismo impulsionou diversas manifestações visando a desestabilização do governo Ortega, levando o país, inclusive, a uma guerra civil. No entanto, os protestos foram sufocados e o governo se manteve. Ortega, inclusive, foi vitorioso nas eleições de 2020, enfrentando uma grande pressão do imperialismo, que acusou-o de fraude eleitoral e procurou fazer de tudo para sua derrota.
O caso da Venezuela também é digno de nota. Já são muitas décadas desde que o chavismo tomou o poder no país e lá se mantém até hoje. Foram diversas tentativas de golpe, primeiramente contra Hugo Chávez, e agora, contra Nicolás Maduro. A mais recente envolvia o reconhecimento de Juan Guaidó, que não foi eleito por ninguém, como o verdadeiro presidente do país. No entanto, isso não vingou e o governo Maduro se manteve, com amplo apoio popular até os dias de hoje. Representando uma importante resistência ao imperialismo na América Latina. O mesmo vale para a já mencionada Nicarágua e Cuba.
A posição correta a se tomar diante dessa fraqueza
Uma observação sobre todos esses casos citados acima: a esquerda pequeno-burguesa brasileira, em praticamente todas essas ocasiões, adotaram a posição de apoio ao imperialismo. No caso do Afeganistão, que foi a derrota mais acachapante de todas, foi particularmente grave. Em uma suposta defesa dos direitos das mulheres se colocaram contra a vitória de um povo atrasado contra o imperialismo norte-americano.
É preciso, neste momento, celebrar e aproveitar todas essas derrotas do imperialismo. Os povos atrasados necessitam, e muito provavelmente irão, enxergar a oportunidade que é essa fraqueza e falência do domínio norte-americano e dos outros países donos do mundo. Foram citados diversos países que conseguiram expulsar o imperialismo ou pelo menos reagiram à sua tentativa de desestabilização por meio de golpes de estado.
O caso brasileiro é semelhante. Estamos diante de um golpe de estado impulsionado pelo imperialismo. Deve-se aproveitar a fraqueza do imperialismo e derrotar o golpe de estado, eleger Lula e eliminar do regime político todos os ataques à população, além de expulsar de lá os golpistas. Se o Talibã conseguiu, por que o Brasil não conseguiria?



