Embora o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva tenha um bom trânsito com alguns setores da burguesia, com a qual governou de 2003 a 2010, elegendo ainda sua sucessora, Dilma Rousseff(PT), que também presidiu o país com os mesmos setores, a burguesia não tolera mais um governo reformista e nacionalista como foram os governos do PT e um provável terceiro mandato de Lula. Ela irá atacar o ex-presidente de todas as formas para impedi-lo de chegar mais uma vez ao Palácio do Planalto.
Após quatro derrotas seguidas para o PT nas eleições presidenciais, a burguesia agora parte para todo o tipo de golpes, do mais explícito ao mais “discreto” (como patrocinar ataques de partidos de “esquerda” a Lula e ao PT).
O Editorial do Estadão do dia 22 de fevereiro (“O mito do grande articulador”), uma voz do setor mais reacionário e fascista da burguesia brasileira, escancara a declaração de guerra contra Lula. Mesmo com todas as evidências claras de que Lula é um articulador político tanto no Congresso Nacional quanto em sua época de sindicalista, o jornal porta-voz dos golpistas quer destruir essa imagem do ex-presidente.
Sobre a qualidade de articulador de Lula, o editorial afirma que “trata-se de uma falácia, por dois motivos: primeiro porque Lula não tem agora, como não teve no passado, grandes reformas a propor – ao contrário, ele já avisou que não as promoverá. Depois, porque os dados desmentem o mito do grande articulador”.
O Estadão ataca de forma desonesta Lula quando afirma que ele não fez reformas e nem pretende fazer, o que é uma calúnia. Lula de fato não fez as reformas que a burguesia queria, reformas altamente neoliberais, de vender todo patrimônio do país. Lula, embora tenha cedido a muito dos interesses desses setores, fez reformas pontuais, importantes, mas muito aquém ainda do que o brasileiro precisa.
O projeto dessa burguesia é alavancar um político que venha entregar todo o patrimônio brasileiro ao capital financeiro internacional e tirar os direitos que restam do povo. Entregar todas as estatais e arrasar a economia do país são as metas dessa burguesia que mantém Bolsonaro no poder e o apoiará nas eleições presidenciais.
O Estadão disfere ainda outros ataques ao que ele chama de lulopetismo que não correspondem à realidade do que aconteceu nos governos petistas. “As ambições lulopetistas de governar à revelia das preferências dos representantes eleitos no Congresso são a garantia de um governo muito custos e pouco efetivo”, afirma o editorial.
O sistema burguês é custoso, burocrático, antidemocrático e corrupto. A burguesia alimenta esse regime e, quando quer golpear um governo de esquerda, utiliza desses argumentos falso-moralistas para derrubar os governos que não seguem sua cartilha.
Esses ataques golpistas explícitos dos mais reacionários setores da burguesia brasileira acendem um sinal vermelho para a militância política que quer de fato implantar um governo popular, que atue em prol dos direitos dos trabalhadores e quer lutar por um programa político de reestatização de todas as empresas privatizadas, condição indispensável para mudar os trágicos números de desemprego, fome e miséria que acometem a sociedade brasileira.