A história da plataforma Wikileaks e de Julian Assange é uma representação direta de uma luta que vem sendo travada por anos em relação aos grandes monopólios de comunicação: o direito ao livre pensamento, à livre expressão e a denúncia dos massacres que os governos capitalistas produzem e escondem atrás das leis de confidencialidade.
Julian Assange é australiano, nascido em 1971 no estado de Queensland. Como autodidata, tornou-se um grande conhecedor de computadores e Hacker. Conta-se que sempre foi um defensor da livre informação, quando ainda em 1999 registrou o domínio wikiLeaks.org. O domínio ficou parado, até que em 2006 começaram as publicações da Wikileaks, através dos chamados em inglês whistleblowers, termo que define alguém que faz uma denuncia através de um vazamento de arquivos confidenciais dos governos. Um famoso whistleblower é Edward Snowden, que denunciou todo o esquema de controle do governo americano juntamente com os monopólios Twitter, Facebook, Google etc.
A primeira publicação do Wikileaks aconteceu em dezembro de 2006, que vazava a informação que na Somália, o Sheik Hassan Dahir Aweys, tinha intenções de assassinar membros do governo. Contudo, é em 2007 que o site tem seu funcionamento a pleno vapor e cada vez mais denúncias são enviadas e publicadas no site. Neste mesmo ano é publicada uma denúncia sobre torturas e condições sub-humanas na base militar americana em Guantánamo.
Mas é no caso do vazamento de documentos feitos pelo soldado americano Bradley Manning, em 2010, que continha vídeos e documentos confidenciais do governo Americano, comprovando os diversos crimes de guerra no Iraque e Afeganistão, que fizeram Julian Assange e a Wikileaks tornarem-se mundialmente conhecidos. Dentre estes documento, um vídeo ficou muito popular, onde mostrava um helicóptero atirando em jornalistas e na sequência em médicos que viriam prestar socorro as vítimas.
Manning foi preso em maio de 2010 aos 23 anos, e permaneceu em tais condições, que o próprio conselho das Nações Unidas, afirmou que eram condições de tortura, desumanas e degradantes, violando as próprias convenções da ONU.
O início da perseguição
Em agosto de 2010, Julian Assange visitou a Suécia e foi acusado por duas mulheres de estupro. Em novembro do mesmo ano, o país emitiu um mandado de prisão internacional contra ele. Assange se propôs a responder o caso na Inglaterra. O próprio processo foi arquivado em 2017 e reaberto em 2019, mas mesmo assim finalizado por falta de evidências. Uma armadilha típica do regime imperialista, onde procura imputar crimes e motivos para uma extradição de Assange para os Estados Unidos. Assange se entregou para a polícia do Reino Unido em dezembro de 2010, mas foi libertado dez dias depois após pagamento de fiança. Os termos impostos da fiança fariam que Assange não conseguisse cumpri-los. Em agosto de 2012, Assange se viu obrigado a pedir asilo na embaixada equatoriana, durante o governo Rafael Correa, onde ficou até abril de 2019, quando o governo capacho de Lenin Moreno revogou a cidadania e o asilo. Foi sete anos dentro de um mesmo local, sem luz solar morando em um mesmo prédio. O mais esdrúxulo é que mesmo com o processo arquivado na Suécia, o governo britânico mantém a pena e a perseguição, e o fundador do Wikileaks continua na cadeia.
A ditadura
O imperialismo norte-americano, logo após os vazamentos de Manning, coloca Julian Assange no ato de espionagem de 1917, podendo pegar até 170 anos de prisão. O caso é que Assange é Australiano, morou na Inglaterra, seu caso na Suécia foi arquivado, e por nenhum motivo teriam os Estados Unidos direito a uma extradição. Só um regime ditatorial poderia exigir uma coisa destas. Na época, durante o governo Obama, algumas vozes do congresso americano chegaram a exigir que o governo matasse Assange usando drones.
Ainda na prisão britânica, Assange vem sofrendo ataques que quase o levaram à morte. Acontecimentos típicos de um regime fascista.
O ponto central da questão é a liberdade de imprensa e a censura. Julian Assange, através do Wikileaks e seus parceiros, nada mais fez, e faz, do que publicar documentos de interesse público, como deixar as claras os crimes de guerra dos imperialismo, documentos sobre o monitoramento da CIA no mundo, perseguições do imperialismo aos países através da espionagem e tantos outros como o pedido de ajuda do PSDB aos Estados Unidos em troca do pré-sal. Toda a documentação é de interesse público e só em um regime ditatorial, como o que vivemos, que alguém poderia ser punido por isso.
“Acho que já está bem claro que a censura, em termos gerais, é um subproduto da vigilância” Jacob Appelbaum, um dos fundadores do Wikileaks.
Este ponto mostra um avanço real das forças de censura. Muitos dos sites que publicaram artigos da Wikileaks na época já o retiraram do ar, como por exemplo, o jornal britânico The Guardian. A ofensiva imperialista da censura, avança a passos largos, e podemos verificar isso na cultura do cancelamento e no identitarismo, políticas típicas do imperialismo.
A perseguição a Julian Assange é uma fotografia da ofensiva que virá pela frente. Casos como de Monark, como um crime de opinião, deixam clara a necessidade de organização imediata e luta pelos direitos totais da liberdade de imprensa e expressão. Achar que uma censura pode impedir qualquer movimento de progredir, como o fascista, poderia ser inocente, mas de fato é um apoio imediato e direto ao imperialismo norte-americano.