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Não à censura!

Abaixo a ditadura do cancelamento, pela liberdade de expressão!

Identitários usam métodos fascistas sob a desculpa de estar combatendo o fascismo

Nessa terça-feira (08), a política brasileira borbulhou com ainda mais um acontecimento polêmico. Dessa vez, envolvendo Bruno Aiub, conhecido como Monark, ex-apresentador do programa Flow Podcast.

De forma breve, o que ocorreu foi que, durante um episódio do programa, o qual contava com a presença de Kim Kataguiri, deputado federal pelo Podemos, e Tábata Amaral, deputada federal pelo PSB, Monark defendeu o direito de criação de um partido nazista no Brasil. Atenção: Monark defendeu o direito de criação, não o partido em si, e muito menos o nazismo.

Imediatamente, Monark foi duramente perseguido. Inclusive pela esquerda identitária brasileira que, a reboque da política das grandes empresas que patrocinam o programa, “cancelou” o apresentador. Setores ditos progressistas lincharam-no de todas as maneiras possíveis, chamando-o de nazista, de fascista e variações.

Desde então, Monark não só foi desligado do programa, como também perdeu sua parte na empresa Flow. Além disso, a Procuradoria Geral da República (PGR), comandada pelo golpista Augusto Aras, abriu uma investigação formal contra o apresentador e contra o deputado fascista do MBL Kim Kataguiri.

Em sua conta no Twitter, Monark pediu desculpas ao público do programa, afirmando ter se expressado mal. Entretanto, deixou claro – e com toda razão – que o que acontece com ele se trata de um “linchamento desumano”:

Ou seja, sua vida foi arruinada, simplesmente por dizer a sua opinião.

Estaríamos vendo, então, mais um caso de uma jornada dos “bons moços” da esquerda brasileira contra o nazismo? O buraco é muito mais embaixo.

O que ocorre aqui é ainda mais um episódio da santa inquisição do identitarismo. O mecanismo é relativamente simples, já foi reproduzido diversas vezes, principalmente nos últimos anos, ao ponto de que podemos decompô-lo: primeiro, algo acontece. Este algo é taxado como imoral (até desumano) pela esquerda pequeno-burguesa, sempre seguindo as orientações da moral da burguesia. Em seguida, em conjunto com a imprensa capitalista, inicia-se uma cruzada contra o acontecimento ou contra o autor do acontecimento. Com isso, ao mesmo tempo em que destrói-se completamente a vida dos responsáveis por esse acontecimento, cria-se um ar de combate, como se o acontecimento fosse derrotado. Como sabemos, não passa de uma luta inócua, vazia. Atualmente, este mecanismo é conhecido pelo nome de “cultura do cancelamento” e, de modo geral, é utilizado constantemente em prol dos interesses do imperialismo.

Voltando ao caso Monark, é preciso, antes de tudo, colocar a pergunta: quem disse que o que o apresentador falou é imoral? Finalmente, quem disse que defender a liberdade de expressão irrestrita para todos é imoral? Decerto que não partiu da cabeça de qualquer “intelectual” esquerdista, mas sim do grande capital, uma vez que é uma posição que ataca a clássica defesa do movimento operário dos direitos individuais.

Logo, vemos que, antes de analisar o fato em si, a esquerda pequeno-burguesa lança-se em uma histeria típica desse setor. Quando Monark fala em nazismo, é criado um pânico generalizado como se Hitler ainda estivesse vivo, como se a SS estivesse invadindo a casa de cada esquerdista, como se eles próprios estivessem trancafiados em uma câmara de gás ao mesmo tempo em que Josef Mengele faz um experimento genético brutal com gêmeos, como se tanques de guerra tomassem as ruas em todo o país, socorro! Então, atribuem como solução a todo esse cenário fictício a perseguição a uma figura que nada tem a ver com o nazismo tampouco o fascismo. Ufa, estamos salvos… É um nível de selvageria que se rebaixa a ponto de defender posições estupidamente reacionárias e arcaicas.

É preciso, portanto, acalmar a mente perturbada desses setores cuja histeria reflete a degradação de sua classe social diante da decadência do regime capitalista.

Em 2020, nos Estados Unidos, vimos um exemplo claro de como isso funciona. No dia 25 de maio, George Floyd, um homem negro, foi brutalmente assassinado pela polícia do estado (um problema real e recorrente). Com isso, o povo americano tomou as ruas em manifestações enormes que tinham como objetivo claro o fim da polícia (uma solução real para um problema mais real ainda). Foi corriqueira a divulgação de imagens de delegacias incendiadas. No meio de um destes protestos, em decorrência da enorme radicalização do movimento, um grupo colocou abaixo uma estátua de um senhor de escravos de séculos atrás.

Até aí tudo bem, afinal, era a forma que a revolta popular tomava naquele momento. Entretanto, isso foi o gancho de uma campanha identitária que devastou as manifestações. Vendeu-se a ideia de que o problema seriam as estátuas (o “racismo estrutural”), de que a política certa seria a de derrubada de estátuas, pois elas representariam a opressão do povo negro. Em seguida, foi isso que o movimento virou e, exportado para o mundo, infestou a luta do movimento negro em todas as partes.

Temos aqui, mais uma vez, o mesmo padrão. Uma luta real, a do povo negro contra a polícia, foi sabotada e substituída por uma luta fictícia, a do povo negro contra estátuas de figuras que nem vivas são! Em outras palavras, criou-se uma solução histérica (a derrubada das estátuas) para um problema inventado (o racismo estrutural), resultando, então, na manutenção do aparato de repressão do estado burguês, a polícia.

Aqui no Brasil, somente na última semana, tivemos exemplos claros de tudo isso com dois episódios: o assassinato do congolês Moise Kabagambe e a invasão de uma igreja em Curitiba por elementos do coletivo Núcleo Periférico.

No primeiro caso, temos o assassinato do homem negro (um problema real) que, ao invés de uma luta política contra a Polícia Militar (uma solução real), tornou-se a luta contra o racismo estrutural (um problema inventado) com manifestações inócuas, justamente por causa de suas reivindicações e de sua manipulação por parte de ONGs imperialistas e da esquerda identitária.

No segundo caso, partindo de um ato também contra a opressão do homem negro engendrado pelo assassinato de Moise, os identitários inovaram um pouco em sua solução inventada e invadiram uma igreja sob a justificativa de que seria um simbolismo da revolta do povo negro contra os escravagistas brancos de 5 séculos atrás.

Vale ressaltar que, na manhã dessa sexta-feira (11), 8 pessoas foram brutalmente assassinadas pela PM do Rio de Janeiro em uma invasão ao Complexo da Penha. Não houve nenhuma manifestação dos identitários.

O mais importante de se notar é como todos os acontecimentos relatados têm um final comum: ajudam o imperialismo a sabotar as verdadeiras lutas do povo, acabando com qualquer possibilidade de revolta real frente às barbáries do capitalismo.

Fica claro, então, que o caso Monark repete os mesmos passos. A política identitária se traduz na adoção de métodos de censura, calando todos aqueles que não concordam inteiramente com suas posições desmioladas e, mais uma vez, favorecendo a burguesia. Por conseguinte, dentro de toda essa confusão, a única coisa que realmente se assemelha ao nazismo são os mecanismos do identitarismo, afinal, negarão os pequeno-burgueses, que o nazismo e o fascismo têm como marca registrada a censura e o ataque às liberdades individuais?

Finalmente, a posição correta, seguida por todos que se consideram minimamente progressistas, é defender a liberdade de expressão irrestrita, até mesmo para os nazistas. É um caminho que já foi trilhado pelos pais do marxismo e, nesse sentido, não é preciso reinventar a roda, já que as estradas permanecem, em grande medida, as mesmas.

A verdadeira luta contra o fascismo se dá nas ruas, pela mobilização popular. O contrário representa uma demagogia, é o estado burguês – que, se pudesse, seria fascista a todo o momento, sem demagogia – fingindo combater o fascismo para que, posteriormente, possa atacar os direitos dos trabalhadores.

“A proscrição de grupos fascistas teria inevitavelmente um caráter fictício: como organizações reacionárias, elas podem facilmente mudar de cor e se adaptar a qualquer tipo de forma organizacional, uma vez que os setores influentes da classe dominante e do aparelho governamental simpatizam consideravelmente com eles e essas simpatias inevitavelmente aumentam em tempos de crise política”, como colocou Leon Trótski, um dos principais dirigentes da Revolução Russa.

Para colocarmos um prego no caixão de toda essa história, é fortuno terminarmos o presente artigo com mais uma argumentação de Trótski:

“Nas condições do regime burguês, toda supressão dos direitos políticos e da liberdade, não importa a quem sejam dirigidos no início, no final inevitavelmente pesa sobre a classe trabalhadora, particularmente seus elementos mais avançados. Essa é uma lei da história. Os trabalhadores devem aprender a distinguir entre seus amigos e seus inimigos de acordo com seu próprio julgamento e não de acordo com as dicas da polícia.”

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