Nessa quinta-feira, 03 de fevereiro, em entrevista à Rede de Rádios do Paraná, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que, em um eventual governo, não manterá a política de preços atual da Petrobrás vinculada ao dólar.
“Nós não vamos manter o preço dolarizado. Eu acho que os acionistas de Nova York, os acionistas do Brasil, têm direito de receber dividendos quando a Petrobras der lucro, mas é importante que a gente saiba que a Petrobras tem que cuidar do povo brasileiro”, disse Lula.
A atual política da Petrobrás é fruto do Golpe de Estado de 2016, cujo objetivo é literalmente roubar as riquezas nacionais e implantar um regime neoliberal de terra arrasada, com privatizações, desemprego, supressão de direitos, fome, miséria e opressão.
Ao contrário do que os opositores de Lula na esquerda dizem, segundo os quais o ex-presidente está aliado à burguesia, esta não será a favor de Lula e fará todo seu jogo sujo típico para impedir a vitória dele e, se for vitorioso, impedir sua governabilidade.
As seguidas declarações progressistas de Lula estão incomodando e ainda incomodarão essa burguesia entreguista e reacionária.
“Eu não posso enriquecer um acionista americano e empobrecer a dona de casa que vai comprar um quilo de feijão e paga mais caro por causa do preço da gasolina”, denunciou Lula. Essa é a política criminosa da empresa, que vem sendo entregue ao capital financeiro internacional de forma fatiada através da privatização de suas refinarias.
Os golpistas de 2016, que alteraram a política de preços da ex-presidenta Dilma Rousseff (PT), alegaram que o controle da antiga política gerava prejuízo para a empresa e não trazia investimentos privados. Hoje qualquer variação do dólar significa prejuízo para a população brasileira, aumento da inflação e muito lucro para o “mercado”.
Lula foi ainda mais incisivo e declarou que o governante precisa ter coragem para mudar a política da estatal:
“Quase 40% da inflação hoje é por preços controlados pelo governo. É o governo que controla energia, que controla petróleo, gás, óleo diesel. Se o governo tiver coragem, ele pode reduzir um pouco. Mas ele não tem coragem, o que ele quer fazer é vender, porque ele não sabe criar. Então vende. Isso não é governar, é destruir o patrimônio”.
No entanto, Lula ataca apenas questões superficiais. Para uma efetiva política da Petrobrás que atende aos interesses e necessidades do povo brasileiro, é preciso ir muito mais longe do que o proposto pelo petista. É preciso não apenas colocar a política de preços sob o controle do Estado, mas reestatizar completamente a empresa. Tirá-la do controle efetivo dos grandes capitalistas ─ sejam nacionais ou estrangeiros.
Uma riqueza como o petróleo não pode estar nas mãos de acionistas, independentemente de sua política de preços. Seria uma concessão feita aos capitalistas a volta ao regime da Petrobrás durante os governos do PT. É preciso aprofundar o controle do povo, o que significa eliminar o poder da burguesia sobre a companhia.
Os países que realmente buscam uma soberania nacional e de seus recursos estratégicos estatizaram suas companhias petrolíferas. Mas para garantir uma real eficiência e destino de seu produto ao conjunto da população brasileira, é necessário colocar os próprios trabalhadores da Petrobrás ─ aqueles que realmente entendem do que estão fazendo, ao contrário dos parasitas que sugam os recursos da empresa ─ nas posições de comando, com uma gestão através de conselhos operários dos petroleiros, que decida democraticamente os rumos da empresa em cooperação com o conjunto dos trabalhadores brasileiros.
As declarações e intenções do ex-presidente ainda são moderadas, limitadas, mas quando forem postas em prática serão severamente sabotadas pela burguesia imperialista, que travará uma guerra para impedir a nacionalização da Petrobrás e das demais empresas privatizadas.
Será preciso muito apoio popular para o ex-presidente governar, expropriar e estatizar totalmente a Petrobrás e deixar sua direção sob administração popular, com controle dos trabalhadores, a fim de que o brasileiro possa tirar a corda do pescoço e diminuir essa inflação galopante responsável pela carestia que acomete a maioria da população brasileira.