Pelo menos desde que começou o processo golpista no Brasil, ganhou força a ideia da chamada “nova política”, que é de onde se origina a ideia da “nova esquerda”.
A experiência da política nacional, em particular nesses quase seis anos de golpe, mostrou muito claramente que a “nova política” não passava da velha política, ou melhor, da boa e velha safadeza da política burguesa. Tudo não foi nada mais do que um estelionato político da burguesia para eleger algum jovem picareta. À revelia da propaganda da burguesia, a ideia de “nova política” se desmoralizou.
Outro fato marcante é que essa propaganda da burguesia oferecia um menu bem variado. Os impulsionadores da “nova política” tinham em seu cardápio desde de nomes da direita neoliberal, bem próxima da extrema-direita, até esquerdistas de partidos como o PSOL, passando por pessoas ligadas a ideologias de classe média, ecologistas, cirandeiros e outros tipos.
Tábata Amaral é um tipo bem exemplar da “nova política”. Apesar de ter sido eleita com essa propaganda, com rostinho jovial e cara de mocinha, seu mandato é marcado por defender a política essencial da direita golpista neoliberal, de acordo com seu apoiador, George Soros.
A “nova esquerda” é parte desse mesmo estelionato político, com um agravante: atua no interior dos movimentos sociais, dos partidos de esquerda e do movimento operário, gerando uma confusão política.
Na América do Sul, dois representantes dessa “Nova esquerda” ganharam destaque. O presidente eleito recentemente no Chile, Gabriel Boric, e o líder do PSOL, Guilherme Boulos.
O que caracteriza os dois? Ambos são elogiados por setores imperialistas, especificamente uma ala “democrática” do imperialismo. Mas as coisas não se limitam a esses elogias.
De fato, a política dessa “nova esquerda” está em consonância com os principais temas levados pelo imperialismo. São os que substituem a luta de classes por questões identitárias e ecologia. Nesse sentido, não apenas se opõem a uma política de defesa das reivindicações da classe operária.
Outra importante diferença entre essa “nova esquerda” e a esquerda nacionalista que governou a maior parte dos países latino-americanos, cujo principal representante é o PT. Embora seja uma esquerda reformista e conciliadora, essa esquerda é um problema real para os interesses imperialistas no continente.
Por isso eles são elogiados pelo imperialismo. Boulos, por exemplo, tem relações com setores do imperialismo, como ONGs, Fundações como a Ford, ou empresas internacionais, como as chamadas think thanks. Para saber mais sobre as relações de Boulos e do PSOL com setores golpistas e imperialistas, alguns artigos deste Diário fizeram um levantamento detalhado disso.
Por isso que esses políticos da “nova esquerda” não denunciam o imperialismo. Ambos se colocam contra a Venezuela e a Nicarágua, por exemplo.
Essa esquerda pró-imperialista é um obstáculo não simplesmente à luta da classe operária nesses países, mas contra a própria luta pela libertação nacional dos países oprimidos contra o imperialismo.