A questão da obrigatoriedade da vacina tem se tornado uma grande polêmica, na qual, contraditoriamente, a extrema-direita tem tomado a posição democrática, e a esquerda, a posição imperialista. O jornal burguês Folha de S. Paulo publicou um artigo de opinião nessa semana defendendo a exigência do passaporte da vacina não só para os adultos, como também para as crianças no volta às aulas.
Em primeiro lugar, é preciso salientar que segundo pesquisas recentes é questionável se a vacinação para crianças não é mais mortal que a própria infecção por COVID-19. Nesse sentido, também, é possível haver questionamentos sobre a segurança das vacinas para adultos em longo prazo. Dessa forma, não é possível obrigar crianças nem adultos a se vacinar em uma situação de incerteza, considerando, inclusive, que a vacinação implica em proteção pessoal diminuindo as chances de morte por coronavírus, mas não impede que a pessoa vacinada seja infectada pela doença transmitida para outras pessoas.
Nesse sentido, apesar desse jornal ser favorável à vacinação, é preciso defender ainda mais ferrenhamente os direitos democráticos de cada cidadão tem de não se vacinar caso não estejam convencidos. Nisso, inclusive, mora a solução para a questão. O convencimento das pessoas sobre os benefícios da vacina é a melhor forma de levar uma maior quantidade de pessoas a se vacinar. Isso permite que aqui no Brasil, haja uma taxa de vacinação maior que a dos EUA, por exemplo. Com grande tradição em programas nacionais de vacinação, e sendo famoso por suas campanhas bem sucedidas, o Brasil já disseminou confiança na técnica. Pelo contrário, nos EUA, onde não há sistema de saúde pública, a coisa é diferente.
A política do passaporte da vacina torna, portanto, uma ação que poderia ser boa para a população, em um flanco de ataque aos direitos da população. A esquerda não pode deixar para a extrema-direita a defesa desses direitos. Como tradição histórica, os direitos individuais, adquiridos na Revolução Francesa e idealizada pelos iluministas, é algo que deve limitar o poder do estado de interferir na vida pessoal do cidadão, reduzindo o poder autoritário da máquina estatal.