Não é de hoje a mudança radical, e profundamente negativa, na postura da esquerda, de abandonar a defesa de uma política de princípios em prol de um apoio inconsequente às opiniões que estão na moda ─ leia-se: aos interesses do grande capital. Essa tendência se manifestou em diversos campos da sua atuação, mas onde esse debate tomou a sua maior proporção foi nitidamente na questão da vacinação contra o Covid-19, onde desde o surgimento das primeiras vacinas, uma enorme sombra de desconfiança se projetou sobre os imunizantes, ou mais especificamente, sobre as corporações que os desenvolveram.
Claro que essa descrença por parte da população não surgiu do nada, mas sim tem origem na experiência da sociedade com essas corporações, que historicamente são recordistas em crimes contra a humanidade e se sustentam sobre a base da exploração dos problemas de saúde da população, problemas esses que são frequentemente causados pelo grande capital, senão pelas próprias empresas do ramo farmacêutico.
Outro fator que conta para as reservas da população com relação às vacinas contra a Covid-19 é a gestão catastrófica da pandemia que essa população pôde presenciar em primeira mão, onde os governos e organizações de saúde que hoje avalizam e promovem a utilização desses imunizantes não tinham a mais remota ideia de como lidar com a doença, apresentando informações desencontradas e medidas impraticáveis para o tal “combate à pandemia”. Isso sem contar as inúmeras inconsistências na política de saúde, que enquanto procurava proibir a realização de atividades políticas em locais abertos para “conter o vírus”, aparentava não se preocupar com a lotação dos transportes públicos, expondo o caráter meramente demagógico da política chamada “sanitária” ou “científica”.
Motivos não faltam para o cidadão comum ter ao menos um pé atrás com a vacinação, mas apesar de a insatisfação popular ser até mesmo justificada, setores da classe média, principalmente de esquerda, se colocaram a tarefa de obrigar a população desconfiada a abaixar a cabeça e acatar cegamente as ordens dos governos burgueses e das grandes corporações, representadas nas organizações de saúde, como é o caso da OMS.
A cruzada autoritária da pequena burguesia se deu, e ainda se dá, através de campanhas de assédio moral disseminadas na grande imprensa, taxando de “negacionista” quem não quer confiar nos criminosos da indústria farmacêutica, e da exigência de que o estado burguês use do seu poder para coagir o cidadão a fazer algo que não deseja com a própria saúde. Não temos dúvida de que se as condições fossem favoráveis, a classe média estaria pedindo ao estado para invadir a casa das pessoas e vaciná-las à força, violando direitos individuais.
É importante deixar claro, antes que a esquerda limpinha venha nos tachar de “negacionistas” por não negar a realidade, que deve se exigir dos governos planos ágeis e eficientes de imunização. Mas isso, obviamente, respeitando os direitos dos indivíduos, ou seja, respeitando a opção de cada um de confiar ou não nas soluções apresentadas.
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