Uma grande contradição

Nacionalismo de Lula é incompatível com aliança com Alckmin

Petista tem se deslocado à esquerda com política contra o imperialismo, o que choca com a tentativa de setores do PT de aliança com a direita

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O ex-presidente Lula concedeu nesta quarta-feira uma coletiva de imprensa para diversos órgãos da imprensa independente, tendo como objetivo debater e explicar as posições que Lula e a direção do partido vêm tomando em torno das eleições presidenciais, que ocorrerão ainda no final deste ano.

Lula, o candidato contra o imperialismo

Na coletiva, Lula respondeu perguntas relacionadas ao problema da pandemia, privatizações e a política que, em caso o ele seja eleito, seguiria em meio à crise que vive o país. Contudo, o que se tornou o foco central dos principais questionamentos, e não poderia ser diferente dada à polêmica, foi o problema da vice-candidatura de Geraldo Alckmin que está sendo ventilada pela imprensa burguesa desde o final do ano passado e vem encontrando dura resistência por parte da base do Partido dos Trabalhadores.

Quando questionado sobre o caso de Alckmin, Lula explicou que não há qualquer negociação ocorrendo e buscou enfatizar que, independentemente de quem seja o vice, a sua candidatura irá levar à frente um programa próprio e voltado aos trabalhadores. No mesmo sentido, Lula denunciou o imperialismo, sobretudo norte-americano, e sua interferência no Brasil, inclusive na organização do golpe contra Dilma e na sua prisão política, a qual classificou como um fato arranjado de fora para dentro.

Na entrevista, Lula ainda afirmou que o “Brasil não é o quintal dos EUA”, e que “é preciso acabar com o poder dos EUA de não respeitar nenhuma decisão”. Lula também frisou que o Brasil precisa ser respeitado internacionalmente, e valorizou sobretudo as alianças com os países latino-americanos, destacando a necessidade de defender a soberania do que chamou de “aliados essenciais” para o Brasil, citando-os nominalmente e explicando que o crescimento brasileiro só se poderá dar com o crescimento de toda a América Latina.

Estas posições de Lula revelam uma guinada cada vez mais profunda a uma política nacionalista e anti-imperialista, que o ex-presidente vem assumindo desde que saiu da prisão. Segundo seu biógrafo, Fernando Morais, Lula teria saído da prisão um “anti-imperialista”, o que vem se comprovando pelas declarações cada vez mais duras contra o imperialismo, mesmo ao seu setor supostamente mais “democrático”, como Obama.

O que representa Alckmin?

A postura de Lula está ligada diretamente à evolução cada vez mais à esquerda que a classe operária faz em todo país, em oposição a Bolsonaro e ao regime golpista. Lula acompanha essa tendência e também radicaliza sua postura, defendendo além da revogação da reforma trabalhista, da estatização de empresas, a luta contra o imperialismo, afirmando inclusive que não pretende fazer um governo levando em conta os interesses de acionistas internacionais, mas sim das reais necessidades da população.

O posicionamento de Lula é fundamental inclusive em um âmbito internacional. Em um momento quando o imperialismo busca controlar toda a América Latina para confrontar Rússia e China, tanto na Ucrânia quanto em Taiwan, a posição do que poderá ser o presidente do principal país do continente latino-americano é fundamental para o prosseguimento deste conflito. Os EUA não querem perder controle da América Latina, e o Brasil é uma peça chave deste problema internacional.

Se depender de Lula, segundo seus últimos posicionamentos, o imperialismo terá trabalho com um governo brasileiro que se coloca a nível internacional como um aliado dos principais inimigos dos Estados Unidos, tanto na América Latina como também em relação a russos e chineses. Este correto posicionamento de Lula, em defesa dos interesses dos países oprimidos, vai na contramão de qualquer relação com Geraldo Alckmin e com o restante da burguesia golpista.

Aqueles que querem Alckmin na chapa de Lula são na realidade os inimigos de sua candidatura, como já ficou comprovado pela pressão que a Folha de S.Paulo realiza em torno da necessidade de Lula oficializar sua parceria como um dos principais nomes da direita brasileira neste século. Por outro lado, a base dos trabalhadores que faz Lula ir cada vez mais à esquerda se choca com os interesses da ala direita do partido e vem gerando uma profunda crise contra os interesses deste setor.

Alckmin representa os interesses do imperialismo contra a candidatura de Lula

Alckmin não é hoje o nome da burguesia, pois ele saiu pelas portas dos fundos do principal partido da burguesia brasileira, PSDB, e hoje encontra-se sem organização. O ex-governador de São Paulo é hoje uma sombra da burguesia, ou seja, uma figura pálida que não representa de fato qualquer poder, não representa qualquer possibilidade de utilizá-lo como ponto de negociação com outros setores, como mesmo afirmam alguns dirigentes petistas.

Alckmin é um peso morto que a candidatura de Lula teria que carregar, e junto com o corpo vem o mal cheiro e a podridão daquele que já foi um dos principais representantes do golpe de estado. Por outro lado, se Alckmin não servirá de nada a Lula e a seu programa, certamente servirá para a burguesia caso ela precise de um novo Temer.

O imperialismo e o regime golpista querem Alckmin como vice de Lula, pois sabem que ele poderá ser um ponto importante para golpear o novo governo.

Alckmin não tem nada a ver com o nacionalismo expresso por Lula no último período. Se a esquerda do PT quer realmente levar adiante uma política anti-imperialista, nacionalista, é preciso romper com a colaboração de classes, porque a burguesia e o imperialismo não querem essa colaboração. Alckmin seria, pelo contrário, o fator de freio dessa política de Lula, que para ser levada a cabo precisa se livrar da aliança com setores do imperialismo.

É preciso denunciar esta operação. As posições cada vez mais nacionalistas de Lula são o completo oposto de Alckmin, que na prática sempre foi um profundo defensor dos interesses do imperialismo no país.

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