No momento em que o País quebra seguidos recordes de fome e desemprego e todo o peso da crise capitalista é descarregado sobre os trabalhadores, a Conferência Sindical Vermelha teve como objetivo debater essa situação e uma perspectiva classista e revolucionária frente a ela.
O evento foi realizado de forma híbrida, com mais de 70% dos participantes participando presencialmente, como vem sendo uma tradição do movimento combativo em vários momentos decisivos da nossa luta, mesmo durante a pandemia, porque mais do que nunca a classe trabalhadora e suas organizações precisam superar a paralisia e a politica reacionária das direções atuais e o “fique em casa”, impulsionado pela direita, tornou-se cada vez mais uma arma em favor da dispersão e da política de desarmamento dos trabalhadores, quando mais do que nunca, precisam da forca de sua mobilização, nas ruas.
Com Lula, contra as reformas
A Conferência ocorreu poucos dias depois das declarações do ex-presidente Lula, elogiando a revisão da reforma trabalhista realizada na Espanha em 2012, defendendo em suas redes sociais que era preciso recuperar direitos e revogar a reforma trabalhista no Brasil. O que fez com que o mesmo fosse alvo de uma enxurrada de críticas da parte de toda a direita golpista e da sua imprensa venal, bem como de supostos aliados, que tramam contra a candidatura de Lula e mais ainda, contras as propostas mais progressistas, de interesse dos trabalhadores por ele defendidas.
Contando, inclusive com a participação de camaradas da Espanha e de outros países da Europa, foram analisar as consequências da nefasta reforma trabalhista naquele país, em dezembro de 2012, que não levou a nenhum progresso, apenas a retrocessos nas condições de trabalho, rebaixamento de salário, fazendo o país chegar a uma taxa de desemprego de 14,5%, muito semelhante ao desemprego “oficial” do Brasil e uma das mais altas do continente europeu. Foi debatido que a revisão realizada pelo governo do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) está bem distante de representar um cancelamento geral dos ataques contra os trabalhadores daquele país, sendo uma forma de ratificar a reforma contra os trabalhadores, o que inclui até mesmo a dura repressão contra sindicalistas que protestam contra o limitado projeto do governo “socialista”.
Foi aprovado como um dos eixos do programa do programa de lutas, justamente a luta PELA “Revogação de todas as “reformas” do golpe de 2016; com destaque na necessidade do cancelamento da “reforma” trabalhista, retorno e ampliação de toda a legislação de proteção dos trabalhadores.
Se opondo à política de derrotas da burocracia sindical de buscar um entendimento co a burguesia golpista, sanguessuga do povo trabalhador, que deu o golpe, apoiou Bolsonaro e toda a política de matança do povo, a Conferência procurou debater o programa e as propostas de mobilização para levantar os trabalhadores, por detrás da candidatura de Lula, em favor das suas próprias reivindicações diante da crise.
A situação evidencia que burguesia golpista não está disposta a nenhum acordo, a nenhuma concessão em favor dos trabalhadores. Sua política continua sendo a de expropriar brutalmente os trabalhadores e todo o povo brasileiro em favor dos seus próprios interesses diante do agravamento da crise capitalista, que não dá sinais de arrefecimento.
Por isso mesmo, a revogação integral dessas e outras reformas só poderá ser conquistada por meio de um enfrentamento dos trabalhadores com a burguesia e seus representantes políticos. Nestas condições, a tarefa das direções da esquerda e das organizações dos trabalhadores é levantar o debate sobre o programa com as reivindicações concretas que ponham abaixo a destruição dos direitos democráticos e impulsione a necessária mobilização nas ruas, que imponham condições políticas capazes de permitir a reversão das medidas draconianas adotadas desde 2016.
Foi aprovada a proposta de construir, pelo menos, 100 Comitês de Luta de categorias, pelas reivindicações centrais e por Lula presidente, por um governo dos trabalhadores.