Nos últimos anos, assistimos ao Twitter e ao Facebook suspender a conta do presidente norte-americano Donald Trump, o Supremo Tribunal Federal mandar prender o deputado fascista Daniel Silveira e a Fiat mandar demitir o jogador de vôlei bolsonarista Maurício Souza. O crescente enfrentamento entre a extrema-direita e o Estado, natural da atual crise em que o capitalismo e os partidos do regime se encontram, tem levado à confusão de que a extrema-direita seria a verdadeira defensora dos direitos democráticos do povo, enquanto a esquerda seria um apêndice das instituições.
Trata-se, no entanto, de mera aparência. As contradições entre a extrema-direita e as chamadas “instituições democráticas” são muito mais superficiais do que parecem: no fim das contas, todos defendem a ditadura dos capitalistas sobre a população. A extrema-direita não defende a liberdade de expressão por uma questão de princípios, nem o armamento da população, nem mesmo o fim da indústria das multas: apenas usa isso para fazer demagogia com a classe média e um setor atrasado do proletariado. Apenas o faz porque sabe que esses temas dizem respeito a problemas reais desses setores, que, descontentes com a política criminosa da direita, passa a ver com simpatia as bravatas da extrema-direita.
O fato é que quem realmente defende os direitos democráticos da população sempre foi a esquerda. A liberdade de expressão irrestrita, para aliados e para inimigos, o armamento indiscriminado e desburocratizado da população e um Estado que não tenha a repressão como “remédio” para todos os conflitos sempre foram bandeiras da esquerda. Se hoje o conjunto da esquerda nacional não as defende, não é porque deixaram de ser temas caros para a luta dos oprimidos. É porque, infelizmente, todo um conjunto da esquerda nacional está a reboque da política da direita. Isto é, em vez de representar a luta dos oprimidos contra o Estado, passou a defender a ditadura do Estado contra os indivíduos.
E é por isso que o PCO, como um partido verdadeiramente de esquerda, que faz jus à tradição do movimento operário, é o verdadeiro defensor das liberdades democráticas da população. É o único partido que é contra a ditadura do Estado sobre o cidadão por uma questão de princípios, e não por uma questão de conveniência. Que defende a liberdade de expressão do ex-presidente Lula ao fascista Jair Bolsonaro, que defende o armamento da população não para o “cidadão de bem”, mas para todos.
O PCO leva em consideração a luta democrática das revoluções burguesas, como a Revolução Francesa, que foram extremamente progressistas em sua época e, sem elas, não haveria as condições para o desenvolvimento da política socialista, que é a superação do democratismo burguês, bem como as condições para a própria superação do capitalismo pelo socialismo.