É notório que existem setores dentro do PT que anseiam por uma aliança com o PSB e, em especial, com Alckmin. Esses setores representam a “ala direita” do Partido dos Trabalhadores, aquela ala sem conexão com as bases, que tenta, a todo custo, sabotar a candidatura do Lula. E é isto que representa um suposto acordo com Alckmin: um ataque às bases, um empecilho à candidatura do ex-presidente.
Recentemente, a imprensa burguesa denunciou que as negociações entre o PT e o PSB “esfriaram”. Embora a imprensa burguesa não seja uma fonte confiável de informação – pois são eles os verdadeiros propagadores de “fake news” e, ademais, foram eles que impulsionaram o golpe de Estado de 2016 –, isso apenas indica como se davam as “negociações”. Isto é, o PSB extorquia o PT, ameaçando-o. Nem se fala aqui de uma metáfora: as exigências que o PSB faz para apoiar o PT são altíssimas.
Um apoio do PSB ao PT, mesmo que a única contrapartida fosse Alckmin ser vice, já seria extremamente maléfica. E isso ocorreria pelo motivo de que a candidatura do Lula não está definida, muito menos sua vitória e, portanto, para que esta possa se concretizar, Lula precisará mobilizar sua base, precisará do apoio do povo. E é justamente isso que uma infiltração do PSB na candidatura tenta atrapalhar: visa à desmoralizar o PT e a luta contra o golpe frente ao povo, tentando impedir a mobilização, tentando jogá-lo para a busca de uma “via alternativa”.
No entanto, o que ocorre é ainda pior: o PSB cobra caro por seu apoio, ameaçando apoiar outro candidato (no caso, Ciro Gomes ou outro direitista qualquer). Um apoio que não soma nada, ao contrário, subtrai à luta pela candidatura do Lula. Com isso, o PT é feito quase que como refém, sendo ameaçado pelo PSB e sendo vítima da política confusa que visa se estabelecer, levada à diante por sua ala direita. A ala esquerda, em especial a base do partido, sofre, com isso, os ataques tanto do PSB e da imprensa burguesa, quanto os efeitos da confusão da ala direita de seu partido.
A situação ainda se agrava ao se lembrar de que o PSB é famoso por descumprir acordos. Isto é, na primeira oportunidade trairiam Lula. A base de Lula, ao contrário, é fiel a ele, é uma base que ele conquistou com a sua política e, em especial, com seu governo. São pessoas, de fato, dispostas a se engajar e a enfrentar todo o sistema para conseguir garantir que Lula chegue ao poder – esse apoio, incondicional, o Lula encontrará apenas na classe operária, de modo algum na burguesia ou nos políticos fisiológicos, desesperados por cargos e prontos a o trair.
É preciso entender que os golpistas querem amarrar as mãos da luta contra o golpe. A maior ameaça a seus planos, isto é, a principal força capaz de fazer Lula voltar ao governo, é a mobilização do povo. Portanto, querem sabotá-la de todo jeito – tentando desmoralizar o PT com um vice odiado por todos, caluniando o Lula em sua imprensa, etc. É justamente para tentar desmoralizar o PT que eles querem enfiar goela abaixo o Alckmin como vice. Alguém que consiga enxergar corretamente a situação política entenderá que a luta dada contra o PT, a favor do golpe, tem, justamente, Alckmin como um de suas principais cartas na manga.
Portanto, o único meio de eleger Lula e de enfrentar a verdadeira chantagem que está sendo feita contra todo o PT de conjunto e, em especial, contra suas bases e sua ala esquerda, é mobilizando o povo. Fazendo campanha por Lula presidente, denunciando a tentativa de pôr Alckmin e o PSB para atar as mãos do PT, não cedendo à ilusões de que o jogo está ganho, mas, muito diferente disso, compreendendo que será necessária uma luta política árdua para enfrentar os golpistas e suas manobras: eis a chave da situação, eis o único meio realmente eficaz de se conseguir concretizar Lula presidente!