─ RBA ─ A população da capital paulista segue sofrendo com a falta de remédios na rede municipal de saúde. Especialmente, com a falta absoluta de fraldas geriátricas para pacientes idosos e acamados. Há alguns meses o governo do prefeito Ricardo Nunes (MDB) tem deixado faltar uma série de medicamentos e outros itens. A administração alega que a pandemia elevou o custo e prejudicou a disponibilidade dos medicamentos.
Mas a situação vem se agravando. Em novembro, havia pouco mais de mil itens em falta no Centro de Distribuição de Medicamentos e Correlatos da prefeitura. Hoje, porém, já são mais de 1.800 itens em falta.
Um item totalmente zerado são as fraldas geriátricas, fazendo com que familiares de pessoas acamadas e idosos tenham que se virar para comprar. Moradora da Chácara Santo Antônio, na zona sul da capital paulista, Marcia Pedace retirou as fraldas para sua tia, na Unidade Básica de Saúde, pela última vez, em agosto deste ano. Além da dificuldade com fraldas, ela relata estar com problemas para receber medicamentos de alto custo que deveriam ser fornecidos pelo governo estadual. “E sempre sem previsão. Está muito difícil pra gente. São produtos caros.
Falta de remédios faz desempregado tirar de onde não pode
A catadora de recicláveis Laura Araújo, moradora do Jardim Tietê, na zona leste da cidade de São Paulo, também relata dificuldades para conseguir vários medicamentos na rede municipal. “Fica muito difícil porque a gente não tem muito recurso. Eu trabalho com coleta de reciclável. E tenho um filho especial, que toma remédio controlado também”, lamenta.
Eentre os medicamentos em falta estão o Besilato de Anlodipino, usado por pessoas com problemas cardíacos, e Hidroclorotiazida e Atenolol, para tratamento da pressão alta. Também está em falta a Metformina de 500 miligramas, usada no tratamento do diabetes tipo 2, e antibióticos como Azitromicina, Levofloxacino e Amoxicilina. Assim como a Prednisolona. Outro grupo afetado pela falta de remédios são os psicotrópicos, como Carbamazepina, para epilepsia.
Os pacientes não conseguem encontrar ainda Isoniazida e Rifampicina, contra tuberculose, doença que vem se expandindo na capital paulista. Além destes, estão em falta vários tipos de tubos para coleta de sangue, tiras reagentes para medição de glicose, seringas de 3 e 10 mililitros, seringas de insulina de 0,5 e 1mililitro, curativos, gazes, coletor de urina, bolsa de colostomia.
Sulfato Ferroso e Ácido Fólico, usados por gestantes para garantir o pleno desenvolvimento do bebê e em recém-nascidos, também estão na lista dos remédios em falta nas UBS da capital.
A confeiteira Ingrid Novais, moradora do Grajaú, no extremo sul da cidade, também não consegue remédios para a filha Elis há algum tempo. Assim, acaba tendo de se virar para comprar com um dinheiro que já falta para outras demandas. “São remédios básicos, sabe? É bem complicado e revoltante. Com a pandemia muita pessoas perderam o emprego. Eu também estou desempregada”, diz.
Sem prazo para resolver
O governo Ricardo Nunes informou ainda que todos os medicamentos e insumos citados estão em processo de aquisição ou de entrega para as unidades saúde. Mas não apresentou um prazo para sanar o problema de falta de medicamentos e materiais