A Polícia Militar do Estado de São Paulo, famosa por ser uma das máquinas de matar negros e pobres mais eficientes do País, mas também pela repressão à população em geral quando se insurge contra o sistema defendido por essa corporação, trouxe à tona recentemente informações reveladoras sobre a real periculosidade de materiais do aparato policial que seriam supostamente “de menor potencial ofensivo”.
Parte das 270 mil balas de borracha adquiridas no ano passado da fabricante nacional Condor S/A Indústria Química apresentou falhas durante testes de segurança, precisão e qualidade realizados pela corporação. Foram encontrados problemas graves nos testes feitos pela PM nos elastômeros, nome técnico do produto. Entre eles, principalmente aqueles que levam risco às pessoas, como mudanças acima do permitido na trajetória das balas de borracha durante os disparos. E possíveis ferimentos também ultrapassando a margem desejada.
De acordo com agentes da Polícia Militar, em um dos testes de tiro de bala de borracha, a 20 metros de distância do alvo, como é recomendado, verificou-se desvio de até 80 centímetros entre a mira feita pelo policial e o ponto atingido.
Os policiais disseram que seria o mesmo que, numa ação real, atirar abaixo da cintura de um suspeito, mirando nas pernas, como recomenda o fabricante e a própria corporação, mas a bala de borracha subir e atingir o rosto de uma pessoa que tenha 1,60m.
REPRIMIR COM EXCELÊNCIA
Em nota, a corporação informou que “constatado o problema, as munições foram recolhidas a fim de preservar a segurança de emprego dentro do padrão de qualidade que a Polícia Militar pretende prestar à sociedade”.
A entidade acionou a empresa internacional Safariland, dos Estados Unidos, intermediada no Brasil pela Police Survival LLC, e irá substituir as balas de borracha pelos chamados “Bean Bags”, que são sacos com bolinhas de metal (sacos de feijão, numa tradução livre do inglês), um tipo de munição que seria menos menos letal. Foram adquiridos cerca de 15 mil saquinhos.
Trata-se de pura demagogia. Não são poucos os casos de manifestantes que perderam a visão após serem atingidos por balas de borracha por pura e simplesmente irem a um ato público reivindicar os seus direitos.
A Polícia Militar atua como uma máquina, seja na hora de atirar para matar, seja na hora de atirar com a intenção de reprimir. Atuam como cães raivosos e dessa matilha não se pode esperar nenhuma complacência para com os seus alvos. Se o material que usam é falho, esse é um fato que só ajuda a piorar o quadro, mas com certeza não é a qualidade desse material que irá mudar as principais qualidades dessa instituição: a sua letalidade e truculência.