Na manhã deste último sábado dia (11), houve um ato nacional em Maceió contra a Proposta de Emenda Constitucional 32/2020 (PEC 32). O ato teve como alvo político a figura do deputado Arthur Lira, presidente da Câmara dos Deputados. O ato teve caravanas de todo o País, principalmente do nordeste, mobilizando mais de mil manifestantes.
Acredito que na vida temos que começar pelo que nos une, podemos parabenizar que essa foi a maior manifestação contra a PEC 32 até o momento, havendo uma mobilização considerável de várias Central Única dos Trabalhadores (CUT) pelo Nordeste, assim como de considerável número de sindicatos.
Embora as bases não tenham sido mobilizadas massivamente, houve movimentação expressiva de sindicalistas e militantes. Ao contrário das manifestações anteriores contra a PEC 32, esse foi um ato que não poderia ser ignorado, a não ser pelo local de realização.
O ato teve seu início na Praça Multieventos, no bairro da Pajuçara. Após a concentração, seguiu em caminhada até as proximidades da Praça Sete Coqueiros, no bairro da Ponta Verde, região em frente à residência do deputado federal em Alagoas, Edifício Thalassa. O ato contou com a presença de diversos sindicalistas, da CUT, de seções sindicais, movimentos sociais e manifestantes em geral. No final, foi lida uma carta contra a PEC 32.
As concepções políticas
Embora defendamos metodologias distintas de organização e até sobre o local, as quais poderíamos debater sem a menor animosidade, costumamos participar de atos chamados pela esquerda, com os quais não temos pleno acordo, desde que o interesse maior da classe trabalhadora seja preservado. O que nos força a tecer uma crítica mais aguda às forças que organizaram o ato, propondo um debate sobre o tema, são as concepções políticas dessa esquerda que refletem de forma negativa nos seus atos.
A maioria da esquerda apresenta nas suas análises, concepções personalistas, subjetivas, sem correspondências com as forças motrizes da sociedade. O cotidiano dessa esquerda é personalizar a política em uma figura pública como Bolsonaro e Lira, esquecem que essas mudanças no parlamento só foram viáveis com o apoio dos outros elementos políticos.
O PSDB, por exemplo, votou em 80% de todas as proposições do governo Bolsonaro, sendo essencial seu apoio à manutenção e andamento do governo. Ou seja, a luta real é contra a classe social que promoveu o golpe de Estado, a burguesia e o imperialismo.
Com o golpe de Estado de 2016, estabeleceu-se um regime político, uma ditadura contra os trabalhadores e setores da burguesia nacional, ampliada com a Fraude Eleitoral de 2018, persistindo até o momento. Por isso, não há como falar em luta contra uma faceta desse golpe, como a PEC 32, sem se opor a sua totalidade. Assim como não podemos falar em derrotar o regime imposto pelo golpe, sem mobilizar a população apoiando o candidato da esquerda mais capaz para isso, o Lula.
Unidade com quem luta ao seu lado e bater certo
Um dos pontos essenciais em qualquer disputa é direcionar os esforços onde renderá maiores frutos. Acreditamos que a luta contra o regime golpista em si é o melhor ponto para colocar a energia da classe trabalhadora.
Historicamente nos momentos que a classe trabalhadora conseguiu suas maiores conquistas, reformas do regime capitalista, foram quando colocaram em questão as mudanças de regime. A essa altura, se elucida uma questão atual do nosso movimento, não devemos focar em elementos separados e facetas em separado do regime, temos que atacar toda a estrutura imposta pelo golpe de Estado, o Fora Bolsonaro e sua política, propondo o Lula Presidente.
Outro ponto essencial na disputa política é, que forças somam em nossas barricadas e quais forças atrapalham a luta? Não podemos ter esperança alguma com os parlamentares da direita, nos seus diversos matizes eles vêm aprovando todos os ataques perpetrados por Bolsonaro.
Temos que buscar a unidade com aquelas forças que lutam contra o regime do golpe de estado e estiveram na luta nesse período. São hoje os elementos do Bloco Vermelho, o setor mais avançado, que esteve sempre à frente das manifestações e na luta contra Bolsonaro.
É esse o setor que vem unificando à esquerda na luta contra a direita, estando à frente da atual disputa política. Esse é o único caminho para barra mudar o regime político, e o caminho mais efetivo para barrar a PEC 32.
A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a posição deste Diário.