O ano de 2021 iniciou sob o estigma da pandemia do coronavírus, que no Brasil alcançou índices estratosféricos devido ao descaso dos governos federal e estaduais, que não apresentaram nenhuma medida efetiva de combate à pandemia. Enquanto o governo federal negava a própria gravidade da doença, a maioria dos governos estaduais, dirigidos pela direita tradicional, limitaram-se a levantar a palavra de ordem do “fique em casa”, cômoda para aqueles que desejam não fazer nada mantendo a aparência de estar fazendo alguma coisa.
Em contrapartida, a maior parte da esquerda, com a desculpa de combater o bolsonarismo e o chamado “negacionismo” da extrema direita, submeteu-se à política da direita tradicional, limitando-se a repetir o mantra do “fique em casa”, como se isso fosse resolver os problemas da população, atingida não só pela pandemia, mas também pelo desemprego, pela miséria e pela fome.
Dessa forma, 2021 encaminhava-se para ser mais um ano perdido para a esquerda, não fosse pelo PCO, único partido que destoou da política hegemônica da esquerda e que se negou a aceitar o “fique em casa”, colocando em marcha um plano de mobilização para classe trabalhadora brasileira. Foi assim que o PCO organizou o ato do 1º de maio em São Paulo, enquanto o restante da esquerda decidiu realizar um “ato” simbólico pela internet, que acabou caindo no ridículo diante do ato presencial do PCO em São Paulo.
O ato demonstrou que a palavra de ordem “fique em casa” era na verdade um grande embuste, criado pela direita para paralisar a esquerda enquanto os governos saqueavam o país e acabavam com os direitos dos trabalhadores. A partir do 1º de maio, a militância de base dos partidos da esquerda, principalmente do PT, acabaram por pressionar as suas direções para que as mesmas saíssem dos seus castelos ou de baixo da cama, e passassem imediatamente a fazer algo de concreto para combater a pandemia. Lembremos que, até então, o Brasil sequer tinha um programa de vacinação para a pandemia, e a população se encontrava completamente vulnerável ao vírus e aos governos da direita.
Porém, o ato do 1º de maio desencadeou toda uma série de mobilizações de rua, de atos pelo Fora Bolsonaro, que obtiveram, entre outros resultados, uma maior agilidade por parte do governo no programa de vacinação para combater a pandemia, que foi, diga-se de passagem, a única medida concreta tomada contra a doença. Podemos, dessa forma, perguntar: se não fosse o PCO ter realizado o ato do 1º de maio, e desencadeado uma série de mobilizações, teria o governo brasileiro acelerado a vacinação no país? Podemos supor que não, sabendo a natureza não só do governo Bolsonaro como da maioria dos governos estaduais.
As manifestações de rua pelo Fora Bolsonaro tomaram um vulto gigantesco. Em algumas cidades, ultrapassaram o número de cem mil pessoas, demonstrando que se apoiavam em uma base real de insatisfação contra o governo. E foi justamente no momento de ascenso do movimento que a direita tentou sequestrar as manifestações, infiltrando elementos que buscavam transformar os atos da esquerda em atos do verde amarelo, contando com a colaboração de setores inteiros da esquerda, com destaque para o PSOL e o PCdoB. E foi aí que, mais uma vez, o PCO salvou a esquerda desse desastre, expulsando a direita dos atos e organizando o bloco vermelho nas manifestações, garantindo que as mesmas não fossem tomadas pelo verde amarelo. Vendo que as manifestações de rua desembocavam, inevitavelmente no apoio à candidatura de Lula, a direita usou os seus representantes dentro da esquerda (PSOL e PcdoB), para desmobilizar os atos, contando infelizmente com a omissão da direção do PT, que entregou a direção dos atos nas mãos da esquerda pequeno burguesa, permitindo a desmobilização das manifestações.
Contudo, o PCO novamente atuou como a vanguarda da esquerda, anunciando o lançamento da candidatura de Lula para presidente, jogando água no chopp da esquerda que deseja sabotar a candidatura de Lula, apoiando uma candidatura da chamada terceira via.
Por último, mas não menos importante, está a recente ação do PCO em revelar toda a podridão imperialista por trás do queridinho da esquerda pequeno burguesa brasileira, Guilherme Boulos, que foi desmascarado ao ter seu nome vinculado às principais personalidades golpistas do nosso país, sendo funcionário de um instituto “parceiro” da CIA. O episódio Boulos-IREE se desdobrou ainda em outras revelações, como a recém-descoberta do financiamento dos comitês da campanha “não vai ter copa” pela fundação Ford, o que não deixou mais dúvidas a qualquer pessoa intelectualmente honesta dentro da esquerda sobre os vínculos de Boulos com o imperialismo norte-americano. Ainda estão muito recentes estas revelações e provavelmente virão à tona mais algumas pilhas de chorume nesse caso Boulos/IREE/Ford. Porém, o conjunto da esquerda operária brasileira pode, desde já, agradecer mais uma vez ao PCO, por desmascarar aquele que provavelmente seria uma peça chave para a continuidade do golpe de estado no Brasil no ano que vem, mas que agora encontra-se desgastado por todas essas revelações, que poderíamos inclusive comparar às da vaza jato, que desmoralizaram o ex-juíz Sérgio Moro.
É preciso enfatizar que toda essa atuação e esse protagonismo do PCO na luta política nacional requer um esforço gigantesco. Dezenas de militantes têm batalhado incansavelmente, se desdobrado em muitos, além do que tudo isso requer também um esforço financeiro considerável, que só foi possível graças à contribuição de milhares de companheiros da esquerda brasileira. Méritos para o PCO, que tem conseguido colocar em movimento não só os militantes do partido, como também muitos companheiros de outros partidos e organizações, desejosos por travar um combate incansável contra os golpistas de todos os matizes. Para um partido irrelevante, como advogam alguns, o PCO demonstrou um grande poder de intervenção na luta política real do Brasil neste 2021. O ano vai quase se encerrando, mas não sem deixar uma verdade inquestionável: o PCO foi, sem dúvida, o partido mais importante para a esquerda brasileira em 2021.