No mês de agosto deste mesmo ano escrevi sobre o grande caso de amor da esquerda pequeno-burguesa com a principal ala do golpe. Na época, as manifestações ocorriam por todo país e a esquerda, a contragosto de sua base, sonhava com a frente ampla e a aliança com Doria e companhia. Inspirado pelas profundas frases de Isa Penna, deputada em São Paulo pelo PSOL, decidi comentar sobre as estranhas relações que a esquerda vinha estruturando.
A deputada, frente a inúmeras críticas de sua aliança com o MBL declarou “Quem nunca namorou com alguém de direita?!”, e sinalizou em uma espécie de “política para crianças” que quem não andasse com essa gente “ficaria sozinho no recreio”. Até então, dei como encerrado a análise a respeito dos duvidosos “namoricos” do PSOL, talvez em uma esperança de não ver algo tão tosco novamente, contudo, após as declarações públicas de amor e amizade de Guilherme Boulos a empresários que fazem o trabalho sujo do imperialismo no Brasil, percebi que figuras como Kim Kataguiri são peixe pequeno para o que os figurões PSOL almejam.
Um caso de amor proibido
Desde o início de novembro, neste mesmo Diário, foram reveladas como uma bomba as ligações de Boulos com o IREE, instituto de Walfrido Warde, um empresário ligado ao principal setor do golpe e que recentemente financiou figuras como Sergio Moro, e emprega em seu próprio instituto Sérgio Etchegoyen (ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional) e Raul Jungmann (ex-ministro da Defesa).
Boulos é nada mais nada menos que pago por este instituto, partido de um think tank financiado a nível internacional pelo NED e pelo governo dos Estados Unidos. O caso mostrou-se em outro patamar, deixando o namorico de Isa Penna e Kim Kataguiri no “chinelo”. Agora, imagine você leitor, a situação que foi posta a Guilherme Boulos, ao ser revelado seu amor proibido com os figurões do imperialismo no Brasil…
Não teve outra, em entrevista ao DCM, na hora de se justificar, o mesmo gaguejou, tentou fugir do assunto e, por fim, como um tímido rapaz, levemente corado e tentando em vão esconder seu sorriso, Guilherme Boulos lançou aquela frase clássica de garoto apaixonado, “somos apenas bons amigos”…
O “Sugar Daddy” de Boulos
Do inglês, “Sugar Daddy” pode ser traduzido livremente como “coroa endinheirado”. Segundo o site da Wikipédia brasileira, um relacionamento “sugar” seria um “relacionamento romântico entre duas pessoas de idades distintas, nas quais uma das partes é sustentada por dinheiro, presentes ou outros benefícios em troca da relação amorosa”.
O que vemos no caso Boulos, utilizando-se como base o guia político de Isa Penna, nada mais é que uma relação “sugar”. A relação de ambos não é nova para quem acompanha a página de fofocas da imprensa burguesa. Em um artigo intitulado “Walfrido Warde, o amigo rico que é cabo eleitoral de Boulos no Jardins” da revista Veja, os principais fortes sinais de uma estranha relação aparecem.
Com o passar das semanas e com a polêmica deste novo casal estourando em toda a esquerda, novas revelações surgiram mostrando a ligação direta do IREE com organizações braço da CIA em todo o mundo. Boulos até o momento vem cumprindo seu papel, recebe de Warde e leva a frente a política do golpe com viés esquerdista.
Do “não vai ter Copa” à campanha contra Dilma, Boulos já havia se mostrado uma figura com estranhas ligações na esquerda. Agora, não é mais novidade para ninguém que, na dita esquerda brasileira, há mais dos “coroas endinheirados” do imperialismo do que parece à primeira vista.