O Coletivo de Negros João Cândido e o PCO foram, num primeiro momento, impedidos de falar no carro de som do ato de 20 de novembro, dia de luta do povo negro, na Av. Paulista em São Paulo. Somente depois de uma luta política e insistência e do protesto do Coletivo e do Partido, os organizadores cederam, mas somente no fim do ato. O coordenador do Coletivo, Juliano Lopes está inscrito para falar.
A tentativa impedimento foi claramente uma tentativa de censura política, isto é, as reivindicações e a política combativas que o Partido e o Coletivo dirigem aos negros, assim como aos demais setores explorados e oprimidos, vão de encontro a política capituladora, pelega e frenteamplista dos setores da esquerda pequeno-burguesa que querem controlar os atos, como a Coalisão Negra por Direitos, que exercia o papel de polícia na porta do carro de som. Como a política desses setores é totalmente rechaçada pela base, tentam censurar e impedir o debate e o confronto de ideias.
Na Av. Paulista em São Paulo, principal ato de 20 de novembro, as falas do caminhão de som principal destoavam completamente da disposição das bases que compareceram. Nenhuma questão fundamental da luta democrática do negro foi colocada no carro de som pela quase totalidade dos oradores.
Sobre o fim da polícia militar e de todo aparato repressivo, da libertação imediata dos presos provisórios e de todos em situação degradante e desumana nas masmorras brasileiras chamadas presídios, sobre a redução da jornada de trabalho para combater o desemprego que castiga o negro, dentre outras demandas essenciais para o povo negro, silencio absoluto dessas direções e de seus asseclas.
No entanto, o elemento fundamental que determinou a tentativa de censura, foi uma questão política da maior importância, e podemos chegar a essa conclusão simplesmente analisando os discursos. Somente pôde falar no ato, sem ter de travar uma batalha, quem defende a aliança com a burguesia, com a direita, somente aqueles defenderam a aliança com a direita, convidaram Ciro Gomes para o ato da esquerda, que aplaudiram a falsa adesão do PSDB, carrasco do povo negro, ao fora Bolsonaro, isto é, os defensores da terceira via.
A questão política fundamental que encetou a disputa é candidatura do ex-presidente Lula, uma questão chave para todos os oprimidos, para todas as vítimas do golpe de Estado, e em particular para o povo negro. Nesse momento a única possibilidade de unificar todos os oprimidos e explorados, a esquerda em um campo independente da burguesia contra o golpe e todos os golpistas é em torno da candidatura Lula, e essa é a posição do Coletivo e do PCO.
Porém, um fato fundamental como esse foi simplesmente ignorado pelos demais, nenhum orador dessa esquerda, se podemos chamar de discurso as banalidades despolitizadas com viés identitário que domina esse setores, tratou ou se referiu ao apoio dos negros a candidatura Lula em seus discursos.
O Coletivo de Negros João Candido e o PCO sabidamente defendem a candidatura Lula e o apoio das organizações e dos negros a ela, bem como chama a lutar pela reivindicações democráticas fundamentais do negro e por isso tentaram o censurar, censura que vem daqueles que no interior da esquerda defendem a terceira via e a frente ampla, isto é, a subordinação da esquerda e das massas a um setor da direita golpista.
A ação antidemocrática e infantil desses setores frenteamplista da esquerda, de tentar impedir o Coletivo de Negros João Candido e o PCO de falar, mesmo que tivesse sido bem sucedido, não calaria de maneira alguma o Coletivo de Negros João Cândido e o PCO: os militantes do Coletivo e do Partido entregaram mais de 2.000 panfletos com a nota do Coletivo de Negros João Cândido chamando os negros a lutarem por Lula presidente e por todas as reivindicações democráticas, além da campanha feita pelo Jornal Causa Operária e materiais da campanha fora Bolsonaro; Lula presidente, amplamente distribuídos.