Todas as estatísticas mais sinistras do País trazem o povo negro em sua vanguarda. São os mais afetados pelo desemprego, pela fome, pelo coronavírus, pela Polícia Militar — enfim, são os primeiros e mais atingidos pela política de terra arrasada da direita golpista neste período de profunda crise econômica. Cabe aos negros, portanto, estarem na linha de frente da luta contra o governo Bolsonaro e a política genocida de seus aliados.
A história do negro brasileiro confunde-se com a luta dos oprimidos contra o poder vigente. Protagonistas de inúmeras revoltas durante a era imperial, os negros tomaram à força sua liberdade e se destacaram nas fileiras operárias das primeiras grandes greves do século XX. Dentre os operários que puseram abaixo a ditadura militar, a maioria era negra. Nas favelas, onde todo dia o povo demonstra sua intolerância com o aparato repressivo, uma maioria negra se insurge.
É por isso que o 20 de novembro não pode ser considerado como outra coisa que não um dia de luta do povo negro. Ao contrário do que preza a cartilha da burguesia, para quem o 20 de novembro deveria ser um dia de “homenagear o negro”, “valorizar sua cultura” e “conscientizar a população de que o negro é também um ser humano”, o dia de hoje deve servir para impulsionar uma mobilização.
Em poucos momentos da história, o negro teve tanto motivo para lutar como hoje. Desde o golpe, o povo está sendo empurrado para o abismo. A inflação fora de controle, o desemprego real na casa das dezenas de milhões, a destruição das universidades, a liquidação do sistema público de saúde, os abusos desenfreados da polícia militar, uma Justiça carniceira — enfim, o regime político está moldado para roubar o povo e torturar os que se levantam.
É hora de usar o passado, não como uma homenagem em abstrato, mas sim como um exemplo para a luta do presente. Hoje, a Globo critica a escravidão, mas a Globo é a senhora de escravos do presente. O 20 de novembro, neste sentido, deve ser um dia de o negro gritar “basta!” e arrancar o chicote de seus inimigos. É preciso fazer do dia 20 um passo para uma insurreição contra toda a burguesia golpista.
O dia 20 de novembro é um dia de luta real. Um dia para organizar a luta do povo negro por sua sobrevivência, e não por meia dúzia de cargos. É hora de fortalecer a imprensa operária e negra, organizar os negros nos locais de moradia e defender um verdadeiro programa de luta.
Fim do vestibular, livre acesso dos negros à Universidade!
Fim de todas as polícias, formação de milícias negras!
Fim do sistema prisional, liberdade a todos os presos!
Direito irrestrito ao armamento!
Fora Bolsonaro e todos os golpistas!
Lula Presidente, por um governo dos trabalhadores!