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Nas vésperas da eleição

Por que só agora estão discutindo o impeachment de Piñera?

A manobra no país andino entre o Judiciário e o Parlamento pode acabar elegendo um candidato da "direita democrática" e serve de alerta para o Brasil.

sebastián piñera te deum ecuménico 2021

Os deputados chilenos votaram, na madrugada desta terça-feira (9), a favor de uma acusação que permite a abertura do processo de impeachment do presidente direitista Sebastián Piñera.

A acusação tem base em uma investigação aberta pelo Ministério Público do Chile que decidiu apurar a participação do presidente na venda de uma mina chamada Dominga, de propriedade da família de Piñera, para o empresário Carlos Alberto Délano, e que teria envolvido uma transação nas Ilhas Virgens Britânicas. O negócio teria ocorrido em 2010, durante o primeiro mandato presidencial de Piñera.

O Judiciário chileno utilizou-se de uma série de reportagens recentes apelidadas de Pandora Papers (uma referência ao mito da Caixa de Pandora), que revelou a participação de vários políticos em empresas (offshores) localizadas no paraíso fiscal (entre eles o Ministro da Economia brasileiro Paulo Guedes).

A votação dos parlamentares passou no limite dos 78 votos necessários para que a acusação seja apreciada agora pelo Senado que precisará de dois terços dos votos para aprovar a destituição de Piñera que se encontra no final de seu segundo mandato. O político ficaria inelegível por cinco anos e não poderia ocupar nenhuma função pública no país.

Cabe lembrar que o Chile pegou fogo recentemente com uma série de manifestações no último período que elevaram a tensão política no país para uma situação pré-revolucionária. Mesmo com a gigantesca revolta popular instalada nas ruas nenhum processo de impedimento foi aberto contra o presidente.

A saída oportunista para a crise institucional do país foi reunir os partidos tradicionais do sistema político chileno num grande acordo nacional que aprovou a necessidade de se eleger uma nova Assembleia Constituinte.

A capitulação dos partidos de esquerda, entre eles o Partido Socialista do Chile da ex-presidenta Michelle Bachelet, foi fundamental para conter e esmagar completamente a revolta popular e todo o movimento em ascensão alvo de uma forte repressão policial.

Bachelet, que agora ocupa o cargo bem remunerado de alta comissária de Direitos Humanos das Nações Unidas, pouco ou nada fez para impedir o massacre do povo chileno durante as manifestações.

Agora, para a (não) surpresa de todos, quando Sebastián Piñera está definhando e prestes a acabar o seu mandato, os oportunistas da direita e da esquerda pequeno-burguesa do Congresso Chileno esperneiam pelo impeachment do presidente.

A manobra no país andino entre o Judiciário e o Parlamento serve de alerta para o Brasil uma vez que a ela está claramente sendo estruturada para eleger um representante da dita “direita democrática” nas eleições presidenciais em 21 de novembro.

Faltando poucos dias para o pleito, as pesquisas eleitorais colocam o candidato de extrema-direita à Presidência do Chile, José Antonio Kast, do Partido Republicano, à frente da corrida presidencial e vencendo o segundo turno contra o segundo colocado, o ex-líder estudantil Gabriel Boric, do Partido Convergência Social de centro-esquerda criado em 2018.

A escolha de Boric (uma espécie de Guilherme Boulos chileno) como candidato presidencial se deu em 17 de março de 2021, quando o Comitê Central do Partido proclamou o deputado de Magallanes Gabriel Boric Font como seu pré-candidato a presidência da República. Nas Eleições Primárias de 18 de julho de 2021, Boric foi eleito como candidato da coligação Apruebo Dignidad, com 60% dos votos ao superar o também pré-candidato do Partido Comunista, o prefeito da Comuna de Recoleta Daniel Jadue.

A última pesquisa semanal do Cadem (05/11) coloca Kast com 25% dos votos no primeiro turno, ampliando sua distância para Boric com 19%. Pela primeira vez também Kast aparece vencendo no segundo turno com 44% contra 40% de Boric.

Já o candidato governista Sebastián Sinchel, que caiu na preferencia do eleitorado após as denuncias envolvendo Piñera, de quem ele foi ministro, tem apenas 8% dos votos. Sinchel chegou a liderar com 30% das intenções de votos.

A próxima eleição presidencial será a primeira desde os protestos generalizados iniciados em 2019 e que sacudiram o país.

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