Jones Manoel, o blogueiro do PCB, publicou no Twitter acusações e xingamentos contra o Partido da Causa Operária. Os tweets foram publicados na quinta-feira, 4 de novembro:
“Nos últimos dias, surgiu aqui no Twitter uma campanha bizarra, machista e nojenta contra @julianefurno. Uma série de mentiras, desonestidades e ataques machistas a camarada.Os responsáveis por esse lixo, o povo do PCO, usou meu nome para atacar Juh. Algumas coisas”.
“Juh é não só uma militante com história e com seus compromissos políticos mais que provados, mas também uma pensadora genial. Uma das melhores da nova geração. É inaceitável querer insinuar que eu ou outro homem dirige sua produção e ação política. Inaceitável”.
“Segundo, é incrível o nível de canalhice e irresponsabilidade do PCO. Estamos falando de uma trabalhadora, uma mulher que vive do seu trabalho e atacar assim o trabalho de alguém,mentir falando que Juh é rica, só mostra quanto a seita dos Pimenta tem nada de operária”.
“Por fim, poucas vezes conheci uma pessoa tão respeitosa no trato das diferenças políticas como Juh. Ela é um exemplo de diálogo sem abrir mão de suas posições políticas. O que torna os ataques do PCO ainda mais nojentos e podres. Vão fingir que isso não tá acontecendo?”
O motivo dos ataques chiliquentos é a matéria publicada no Diário Causa Operária que revela as ligações de Guilherme Boulos (PSOL) com empresários vinculados ao imperialismo. Boulos é colunista e professor do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE), que tem entre seus dirigentes Sérgio Etchegoyen (ex-GSI), Raul Jungmann (ex-ministro da Defesa de Michel Temer) e Leandro Daiello (diretor da Polícia Federal no período de golpe de Estado de 2016). Na argumentação, a matéria teve de citar Juliane Furno como Economista-Chefe do IREE. É fato que ela trabalha nesta organização, conforme consta no próprio site.
Para não ter que explicar a ligação de setores da esquerda com empresários ligados ao imperialismo, Jones Manoel recorre à folha de parreira da atualidade: o identitarismo. Seus xingamentos contra o PCO e a ênfase no fato de que se trata de uma mulher são parte de uma estratégia para desviar o foco daquilo que é o aspecto central do problema.
A manobra do pseudomarxista identitário é acusar o PCO de “machista” por apontar que Furno trabalha para o IREE e, portanto, tem ligações com o imperialismo que promove Guilherme Boulos no Brasil como uma “nova esquerda”. O capital financeiro precisa criar uma esquerda que seja dócil e inofensiva para poder dominar. Além disso, o identitário diz que o PCO insinua que “eu ou qualquer outro homem dirige sua produção e sua ação política”.
A matéria não insinuou que um homem dirige a produção e ação política de Furno. Não é Juliane Furno que tem uma relação de dependência com Jones Manoel, e sim Jones Manoel que tem uma relação de dependência, de apêndice, com Juliane Furno e, indiretamente, com o IREE. O “frágil” na relação seria o treteiro de Twitter e não a economista do IREE.
O que a matéria faz é dizer o que está claro para todos que tenham olhos e queiram ver. Ela é funcionária do IREE e, por extensão, dos capitalistas que mantêm o instituto para atender aos seus interesses políticos e econômicos. Organizações desse tipo servem para o imperialismo fomentar uma determinada política e cooptar setores da intelectualidade. A ideologia do identitarismo, que procura se apresentar como uma defesa das mulheres, negros e LGBTs, é um instrumento para isso.
Em seu chilique histérico, Jones Manoel assemelha-se também a um político burguês ordinário, fazendo uma discurseira barata, levantando, de modo exageradamente demagógico, as virtudes da pessoa a quem está defendendo. E, o mais importante: faz tudo isso, com alto teor moralista, cheio de adjetivos e vazio de argumentos racionais.
Os identitários à Jones Manoel se utilizam do mesmo artifício para impedir o debate político. As acusações funcionam como mecanismo de chantagem e servem para intimidar o crítico e, finalmente, silenciar a crítica. Se criticou uma mulher, é “machista” e “misógeno”; se criticou um homossexual, é “homofóbico” ou “LGBTfóbico; por fim, se criticou um negro “é racista”.
O que chama a atenção é que nem Jones Manoel, nem Juliane Furno e nem o próprio Guilherme Boulos se pronunciaram sobre a questão fundamental da matéria. Será que as supostas insinuações do PCO são menos importantes do que as ligações da esquerda com o imperialismo? Por que o blogueiro não diz se aprova que elementos de esquerda trabalhem para o IREE?