No último dia 31 de outubro, o militante da Comissão Pastoral da Terra , professor Rafael, sofreu atentado a tiros em frente à sua residência, em Cruz do Espírito Santo (PB).
Rafael é militante histórico da reforma agrária na região da várzea paraibana e já vem sofrendo com frequentes perseguições. Chegou inclusive a ter, na semana anterior, a sua residência invadida e vários de seus pertences roubados.
Segundo declaração do próprio Rafael ao Brasil de Fato, quando da ocasião da invasão de sua residência: “a gente fica tenso diante dessa situação porque entendemos que o trabalho que a gente desenvolve é para o bem do município e da comunidade, de assegurar os direitos e parece que alguém se fere contra isso e quer atentar contra a minha vida e a vida da minha família. Não é a primeira vez. Provavelmente possa ter a ver com minha atuação política porque isso mexe com os interesses individuais de muita gente. Recentemente, lutamos pela titulação para 56 famílias da comunidade e desde o ano passado que me perseguem, falsificando documentos em que diziam que eu ia derrubar a casa do povo. Tudo calúnias.”
Rafael é assentado da reforma agrária, no município de Cruz do Espírito Santo e presidente da Associação dos Trabalhadores Rurais do Assentamento Dona Helena, que existe há 26 anos. “Temos desenvolvido um trabalho de mutirões, lutamos pelo título da terra, no mês de julho, agora, conseguimos o título para 56 famílias. Próximo ao assentamento existe uma área que não se caracteriza como área rural, já é uma área urbana, então nossa vontade é que essa área seja desmembrada, mas que nenhuma pessoa seja afetada. No ano passado, saíram com uma calúnia dizendo que eu tinha feito uma denúncia e que as casas dessas pessoas iam ser derrubadas. Veio a polícia federal e fez uma notificação a algumas pessoas. Então nessa mesma época, no ano passado, eu passei por esse mesmo sofrimento, essa mesma tensão, mas utilizei das mídias e das redes sociais para explicar que isso não era do nosso interesse, o que estava acontecendo era apenas um trabalho de fake news para enganar o povo”, explicou.
Segundo Rafael, são frequentes as notificações via boletim de ocorrência pedindo providências por parte da Secretaria de Segurança Pública da Paraíba e nada é feito.
Atentados como esse são parte do terror promovido no campo pelos jagunços dos latifundiários, que promovem um verdadeiro massacre contra os povos da terra,com o aval da extrema-direita que é a força que por sua vez comanda as forças de segurança pública no Brasil.
Portanto não é possível aguardar soluções por parte da polícia, é necessário que os povos do campo se organizem em comitês de autodefesa dos camponeses e sem terra para lutar pelo direito urgente de se armar. Só com as suas próprias armas em mãos esses povos terão condições de se defender.