Em audiência na Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, realizada na última quarta-feira (27/10), o Ministro da Defesa do governo Bolsonaro, general Walter Braga Netto, afirmou que a privatização da Petrobras e da Eletrobras não afeta em nada a soberania nacional.
Segundo informações do jornal burguês Valor Econômico, o ministro disse que sua pasta participa das discussões em torno do Programa de Parceria de Investimentos (PPI), nome fantasia para o programa de entrega do patrimônio público, preço de banana, aos grandes capitalistas, e que emite opiniões nas áreas que lhe cabem. O general descartou, porém, qualquer insinuação de que a privatização do setor de energia do país representaria risco à soberania nacional.
A declaração revela muito bem o quão “nacionalista” é o ministro de Bolsonaro. Ela vem na esteira dos movimentos do próprio Bolsonaro no sentido de avançar na política de privatização das poucas empresas brasileiras que ainda não foram entregues de maneira total à sanha dos monopólios estrangeiros.
As declarações patrioteiras, as bravatas “nacionalistas”, as farsescas manifestações de amor à pátria, tão ao gosto dos militares fascistas que integram o governo ilegítimo do ex-capitão, não conseguem sequer minimamente mascarar o servilismo do governo e sua ala militar para com o capital estrangeiro. Trata-se, sem mais nem menos, de um nacionalismo de fachada, um nacionalismo de circo, de espetáculo.
O nacionalista de fachada é um inimigo do Brasil real, do seu povo, das condições de vida do seu povo, do desenvolvimento econômico do país, e atua como um lacaio dos interesses dos capitalistas estrangeiros. É aquele que, exteriormente, na aparência, louva a nação, canta o hino nacional aos prantos e com a mão no peito, mas, na realidade, nos fatos, na prática, trabalha ativamente contra os interesses do país, contra a economia nacional e contra os interesses mais imediatos do seu povo, contra a cultura do país.
Como é possível afirmar que a entrega da Petrobras e da Eletrobras aos monopólios capitalistas, sobretudo aos estrangeiros, não representa uma ameaça à soberania nacional? Atribuir o comando do setor de energia do país a grupos capitalistas estrangeiros, sobre os quais o Estado e o povo não têm condições de estabelecer qualquer controle, não constituiria um risco ao país? Como uma nação pode ser ao menos chamada de “independente” se não possui o domínio nem o controle sobre o seu setor energético, um dos pilares do funcionamento de qualquer economia?
Braga Netto revela que é uma engrenagem do mecanismo da dominação imperialista no país. Nesse sentido, consiste numa peça adequada do governo Bolsonaro, uma peça que segue à risca uma das diretrizes fundamentais do regime político saído do golpe de 2016: submeter ainda mais o país ao capital monopolista estrangeiro (especialmente o norte-americano) e acentuar os traços coloniais da economia nacional.
É preciso denunciar o entreguismo dos militares e de Bolsonaro. A luta contra as privatizações das empresas nacionais, com destaque para os casos da Petrobras e da Eletrobras, deve figurar entre as mais importantes reivindicações do movimento operário e popular deste período. O Movimento Fora Bolsonaro, para se desenvolver e acompanhar as tendências reais de luta do povo, deve levantar a luta pela reestatização da Petrobras e da Eletrobras, sob o controle dos trabalhadores, como parte de um programa de luta para enfrentar e derrotar a direita e extrema direita.