A votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC 5) no último dia 20, na Câmara dos Deputados, rejeitada por maioria de votos, revelou algo mais além do conteúdo político da votação, que permitiu que o lava-jatismo ganhasse uma sobrevida mesmo após toda a crise. Revelou também o conteúdo de classe desses partidos.
A Lava Jato, composta pelo Ministério Público, foi a porta de entrada do imperialismo no regime político brasileiro. Como o MP não está submetido a nenhum resquício sequer de controle popular, ali montou-se uma operação criminosa para passar por cima de direitos democráticos do povo e dar o golpe de Estado no Brasil.
A rejeição da PEC foi, portanto, uma vitória do imperialismo, que mantém, assim, essa porta aberta. O MP continua sendo uma opção para o golpe de Estado, para a interferência do imperialismo no regime político brasileiro. Isso porque a PEC propunha uma mudança tímida no Conselho Nacional do Ministério Público, alterando a composição de dois para cinco o número de indicados pelo Congresso Nacional, ou seja, estabelecendo um controle minimamente maior por parte do legislativo.
Por mais que os deputados sejam picaretas, fato é que eles são eleitos pelo voto popular. O MP nesse momento está submetido aos interesses do imperialismo.
As contradições entre a burguesia nacional e o imperialismo são o que levaram à proposta de alteração no conselho. Os representantes da burguesia nacional querem limitar os poderes do imperialismo no regime político. Por mais capituladora que possa ser a burguesia nacional, fato é que há contradições com o imperialismo.
Nos principais partidos da burguesia há setores que se ligam mais ao imperialismo e outros mais à burguesia nacional. Por isso, a maioria dos partidos burgueses se dividiram na votação.
Mesmo o PSDB, partido de maior ligação com o imperialismo, se dividiu. Já a rede Globo, porta-voz do imperialismo, comemorou a derrota da PEC, assim como Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol.
Já o PSOL, fechou posição contra a PEC. Dos partidos da esquerda, foi o único que votou totalmente contra a PEC, defendendo a Lava Jato e o Ministério Público golpista.
Do mesmo jeito que a luta pelo maior controle do MP revela quem são os representantes da burguesia nacional, a posição do PSOL revela seu caráter de classe pró-imperialista.
Conforme já ficava claro com a política do PSOL em outras ocasiões, este é um partido pequeno-burguês com íntimas ligações com o imperialismo. É o que mostra sua política identitária, seu apoio ao golpe, a posição contra a Venezuela de vários de seus integrantes: tudo isso é bastante revelador do caráter de classe do PSOL.
A explicação para isso é bastante simples. É muito mais comum que setores da burguesia nacional, por questões econômicas, entrem em contradição com o imperialismo do que um partido pequeno-burguês, ou seja, de classe média, que mais facilmente se liga aos interesses imperialistas no País, pela ideologia e propaganda feita nas universidades e na imprensa.
A classe média não tem uma posição de classe independente e acaba se ligando aos interesses dos monopólios imperialistas porque a pressão do imperialismo é esmagadoramente maior do que a pressão da classe média decadente.