Quando fala-seda família Gomes no Ceará temos que rememorar até séculos passados. Os Ferreira Gomes estiveram no poder logo na origem do município de Sobral. Os dois primeiros prefeitos foram antepassados dos irmãos Ciro e Cid Gomes: em 1890, Vicente César Ferreira Gomes, e em 1892, José Ferreira Gomes. A família, afastada por um período retornou ao poder em 1935, quando outro parente de Ciro, Vicente Antenor Ferreira Gomes, foi prefeito por nove anos, até 1944, durante o governo de Getúlio Vargas.
O pai de Ciro Gomes, José Euclides Ferreira Gomes, foi um defensor público e viajava pelo Brasil com a família. Nestas viagens Ciro Gomes nasceu em Pindamonhangaba, SP.
Ciro Gomes “entrou” na política aos 20 anos, quando o pai era prefeito e o apontou como procurador do município de Sobral. Nesse momento a família teve o apoio da família Prado e César Cals, um dos três coronéis que se revezaram no governo do Estado durante o regime militar (1964-85).
O pai de Ciro Gomes era filiado ao PDS (Partido Político sucessor direto da Arena, partido da ditadura) e sempre teve boa relação com os militares da época. Dessa maneira o partido da ditadura, com uma nova sigla, foi o primeiro partido político de Ciro, que passou por sua primeira eleição em 1982, para deputado estadual. Em 1986, na sua reeleição, Ciro troca de partido e se candidata pelo PMDB, apoiando a proposta do grupo de Tasso Jereissati, que dizia que derrubaria os coronéis. A coisa ficou tão mal contada, visto que todos ali pertenciam a uma oligarquia, que a turma de Ciro foi apelidada de “oligarquia dos tucanos”.
Ciro ainda foi Prefeito de Fortaleza e Governador do Ceará pelo recém fundado PSDB. Pelo PSDB também assumiu o ministério da fazenda no final do governo Itamar Franco (vice de Collor). Em início de 1997 filia-se ao PPS, de Roberto Freire, e dá início a suas candidaturas a presidência da república, todas sendo mal sucedidas.
Um elemento “in natura” da direita
Os fatos acima apenas mostram que de nenhuma maneira pode-se dizer que Ciro Gomes, foi pelo menos de esquerda moderada algum dia. Pouca história tem de movimento de agitação política estudantil ou popular. Chegou a disputar em 1979 as eleições como vice-presidente da chapa para a União Nacional dos Estudantes (UNE), concorrendo na chapa da Maioria. Relatos e fontes falam que entre estudantes que apoiavam a chapa de Ciro Gomes era possível encontrar desde jovens convencidos de que trabalhavam pelo bem do país ao combater siglas de esquerda. Na prática, em seus anos de militância estudantil, Ciro frequentava uma setor político conservador sem o menor respaldo entre a massa de colegas. Era uma parcela tão impopular que, em 1979, tentando assumir o comando do centro acadêmico da faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará, foi incapaz de reunir o número mínimo necessário para fazer uma chapa eleitoral. Em uma entrevista dada ao Roda Viva, em 1991, afirmou que, no movimento estudantil, se aproximava mais com a “esquerda católica”.
O verniz de esquerda
Sem nenhuma base em qualque movimento da décadas de 70 e 80, Ciro Gomes constrói uma carreira exclusivamente parlamentar. Contudo, após filiar-se ao PPS parte para uma criação de um personagem democrático e pseudo esquerdista. Discursos supostamente nacionalistas e desenvolvimentistas irão fazer parte da sua rotina. Soma-se ao fato de ter sido Ministro da Integração Nacional, entre 2003 e 2006 no Governo Lula. Toda a maquiagem e os discursos, eram nada mais que fantoches. Ciro Gomes de fato nunca causou incômodos à burguesia nacional, poia, muito pelo contrário, tem um trânsito intenso e afagado na imprensa golpista nacional.
A maquiagem se desfaz
Contudo, toda maquiagem um dia acaba. Se pudéssemos dizer que a crise política nacional traz um resultado positivo, este é a uma nítida separação e a dificuldade de encobrimentos do interesses das classes. A máscara do Ciro “esquerdista” e “desenvolvimentista”, começa a encolher, e Ciro na crise, se obriga a tomar as suas posições reais direitas: a defesa da burguesia.
Após o Golpe na Presidenta Dilma Rousseff e a prisão ilegal do Presidente Lula, o golpe estava todo armado pronto, mas todas as ferramentas ainda seriam utilizadas. A esquerda que recuou diante da ofensiva, viu as eleições fraudulentas prosseguirem com Ciro Gomes como candidato pelo PDT. Em um ascensão da extrema direita naquele ano, nenhum ataque evidente foi feito por Ciro Homes, e de fato ocorreu o contrário: quando Haddad e Bolsonaro disputaram o 2º turno, Ciro Gomes simplesmente viajou para a França. Se omitiu em uma jogada de completo apoio ao fascista Jair Bolsonaro. Ainda em abril deste ano Ciro foi mais um vez enfático ao afirmar que não se arrependeu da viagem.
O lacaio: Ciro foi ministro de Lula de 2003 à 2006. Agora ataca o ex-presidente como funcionário da burguesia.
A Terceira Via e os ataques ao PT
A disputa eleitoral do candidato da terceira via, em andamento no país, possui como objetivo criar um candidato artificial – até agora inexistente – mas também retirar votos de Lula. A jogada é complexa mas de possível operação. Ciro Gomes aparece como um dos maiores oportunistas da história política brasileira, quando desempenha um único papel de divisor de votos da esquerda para eleição da direita.
Ciro, com pressa, abre uma série de ataques sucessivos ao PT: Acusa, Lula sem provas, de ter sido o “Maior corruptor da história moderna brasileira”. Fala que o ex-presidente, teria conspirado para o Impeachment de Dilma e ainda diretamente acusa a ex-presidenta Dilma de ter feito o pior governo da história do Brasil, onde entende-se que o governo de Dilma teria sido pior que o de Bolsonaro e Fernando Henrique Cardoso.
Todos os ataques são totalmente infundados e Ciro Gomes mostra-se uma raposa. Abre toda uma artilharia contra o PT, faz apenas leves comentários ao governo ilegítimo e fascista de Bolsonaro e nada de ataques ao centro político. Ainda quando este sabe que dificilmente será o candidato da terceira via – em nenhum momento foi cotado -, e também é ciente que não chegará a 7% dos votos no ano que vem, sendo o mesmo fracasso de sempre.
Aqui já chegamos ao ponto que Ciro Gomes apodrece no cenário político nacional. Sem nenhuma base eleitoral, nem a burguesia vê Ciro como um candidato competitivo. Setores de base da esquerda progressista que poderiam ter alguma ligação com o tal, se afastam, e o que sobra e alguma esquerda pequeno burguesa que ainda dá o microfone para o Coronel Tucano ser vaiado em praça pública.
Com um história política apagada e sem nenhuma ligação com os interesses dos trabalhadores brasileiros Ciro Gomes vai mostrando quem realmente é: um direitista nato e defensor da burguesia.