As eleições de 2022 se aproximam, e com uma especial importância diante da atual situação econômica do país que é verdadeiramente calamitosa. Diante da carnificina que foi o governo Bolsonaro, cresce o anseio da população por uma alternativa à esquerda, que se materializa hoje na candidatura do ex-presidente Lula, cuja eleição representaria uma derrota parcial do golpe de Estado de 2016.
A burguesia, temendo a volta do PT, que teria, pressionado pela sua base e pelas circunstâncias políticas, que fazer um governo bem mais à esquerda do que foram seus governos no início dos anos 2000, articula todos os esquemas possíveis para frear a candidatura de Lula, enquanto procura estruturar uma candidatura que sirva de alternativa a Bolsonaro, que está hoje, muito desgastado devido aos arrochos promovidos pelo seu governo e pela gestão catastrófica da pandemia.
Mas as manobras articuladas pela burguesia não têm se mostrado muito eficientes na sua tarefa de desgastar a candidatura de Lula ao nível nacional, pois o clima político não é favorável para uma saída moderada para a situação política, e um embate com o PT em escala nacional levaria a uma polarização, algo que a burguesia não pretende, sendo assim, a burguesia se prepara para armar uma nova arapuca contra a campanha do PT, baseada no seu controle dos currais eleitorais.
A manobra da burguesia consiste em utilizar os candidatos supostamente de esquerda ou supostamente aliados para enfraquecer Lula regionalmente, entre os envolvidos nessa manobra estão o PDT de Ciro Gomes, o PSB e o PSOL. Mesmo se se concretizar a aliança de alguns desses partidos nacionalmente com PT, principalmente o PSOL e o PCdoB, coisa que ainda não está definida, regionalmente, os candidatos desses partidos teriam suas próprias alianças. Acontecendo dessa maneira, os candidatos nos estados, apesar de nominalmente estarem fazendo campanha de Lula em nível nacional, estariam na prática fazendo campanha para candidatos que tirariam votos do PT, como é o caso de Ciro Gomes, que é o principal candidato para tirar votos do PT.
Por exemplo, Guilherme Boulos afirmou que uma possível aliança com o PDT no governo estadual em São Paulo faria com que Ciro Gomes estivesse junto com ele no palanque eleitoral, mesmo que o PSOL estivesse coligado nacionalmente com o PT.
Essa manobra está evidenciada em um artigo da Folha de S. Paulo, com o título: “Estados terão alianças fragmentadas, traições e palanques que unem lulistas e bolsonaristas”.
Ao longo do artigo, vemos a manobra sendo descrita como uma espécie de pluralismo político da parte dos partidos venais da burguesia, mas sabemos que todo o discurso democrático esconde uma manobra que envolve setores da esquerda e da direita para frear a candidatura de Lula.
Ainda por cima disso tudo, o artigo tenta cinicamente colocar que esse suposto pluralismo político dos partidos nos estados como uma espécie de negação regional do clima político de polarização evidente que existe em nível nacional entre os setores populares, que estão representados no PT, e a burguesia, que escolheu Bolsonaro como seu representante em 2018, e agora busca regredir nas aparências através da terceira via. Tal afirmação nega a realidade que vemos dia após dia no País, pois tanto os conflitos regionais, como é o caso dos conflitos dos latifundiários com os camponeses e os indígenas, quanto no panorama político nacional, que está expresso no clima político geral de polarização e conflito social.