Ciro Gomes e os golpistas foram para o dia 2 de outubro achando que poderiam se infiltrar nas manifestações sem que o povo mostrasse seu descontentamento. Junto ao PCdoB, PSOL e uma ala mais à direita do PT, um plano para endireitar as manifestações foi feito para permitir a presença dos representantes da burguesia. Não foi suficiente. Parte do plano, a mais importante, consistia em não fazer alusão ao ex-presidente Lula.
No Portal Disparada, órgão de imprensa cirista, um dirigente regional do PDT deixou escapar o acordo feito, segundo o próprio o PCO, puxando a palavra de ordem “Lula Presidente” estaria:
— rasgando completamente o combinado nas reuniões de organização do ato, que deveriam ter um único mote que era o “Fora Bolsonaro, Impeachment Já!”.
Ou seja, nada de Lula presidente. Na semana antes do ato PSOL, PCdoB e UP, em diversas cidades do país, pediram aso membros do PCO, PT e Comitês de Lula para não levarem as faixas Lula presidente e nem gritando a palavra de ordem.
Fica claro que foi um acordo entre esses partidos, para que a direita falasse era preciso suprimir o povo e suas demandas. Ciro, PSDB, PSD e vários golpistas podem ir às manifestações, mas o povo não pode pedir por Lula Presidente.
No Rio de Janeiro, o presidente da UJS (juventude do PCdoB), ficou revoltado porque os manifestantes cantavam “olé olé olé olá, Lula, Lulá” enquanto falava um dirigente da CTB (PCdoB).
Mesmo a imprensa burguesa fazendo a propaganda de que Lula é um ladrão concialidor e que Ciro Gomes é uma figura popular e com grandes capacidades administrativas a realidade se impõe. Ciro foi vaiado, hostilizado de tal modo em São Paulo que ficou difícil para a direita marcar presença nas próximas manifestações. Já Lula, mesmo não indo nos atos e sendo atacado, chamado de “genocida” pelo coronel de sobral, não sai da boca do povo.
Os acordos de cúpula para entregar a manifestação para a direita fracassaram todos até agora. Mas se engana quem acha que apenas os partidos da esquerda e os da direita que tentaram ir nas manifestações estão nesse acordo. Trata-se de um plano que envolve toda a imprensa burguesa e o mais alto escalão da burguesia imperialista.
O Globo, por exemplo, volta e meia solta matéria apontando Lula como o franco vencedor das próximas eleições, e até como uma figura bem quista por certos setores da burguesia. É um absurdo pensar que a direita que deu o golpe expressamente para tirar Lula e o PT do poder, agora permitiriam sua volta. O objetivo da bajulação é indispor um setor da esquerda com Lula, mas sobretudo pressionar Bolsonaro. Mas quando o assunto são as manifestações Lula é covardemente atacado. Todos os canhões se voltam contra o ex-presidente. Sabem que se ele entrar em contato com o povo será muito mais difícil pô-lo em escanteio nas próximas eleições. Há um risco da campanha do ex-presidente se tornar em uma enorme campanha de massas, aumentando inclusive a força das manifestações.
A burguesia coloca todos os seus soldados para impedir a figura com maior força de mobilização em todo o País. Se tirarem Lula da equação o caminho para vencer as próximas eleições e enfraquecer ainda mais a esquerda será muito mais fácil.