A política econômica neoliberal, implementada pelos governos golpistas de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido), é responsável pela contínua deterioração das condições de vida da população brasileira. A inflação bateu recorde histórico na taxa acumulada de 10,05%.
Dez regiões metropolitanas e cidades pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no IPCA-15 mostram inflação de dois dígitos. Porto Alegre (RS) tem 11,37%, Fortaleza (CE) 11,49% e Curitiba (PR) 12,61%. O Rio de Janeiro (RJ) tem a menor taxa, 8,75% e Brasília (DF) 9,07%. Salvador tem 9,08% e São Paulo 9,39%.
As consequências da inflação são particularmente perversas para as camadas mais pobres da população, que são obrigadas a gastar mais dos seus parcos recursos para simplesmente sobreviver. Os itens Alimentação e Bebidas subiram 1,27% e chegaram ao acumulado de 13,36% em 12 meses. A categoria de Habitação subiu 1,55% e acumula alta de 12,86%. O Transporte subiu 2,22% e também acumula alta de 17,25% em 12 meses.
Os itens Educação, Vestuário, Comunicação e Saúde e Cuidados Pessoais estão com índices acumulados em 12 meses bem abaixo da média de 10,05% da inflação no País. O aumento nos itens Saúde e Cuidados Pessoais sofre influência dos reajustes anuais dos planos de saúde e medicamentos. A situação econômica indica que os reajustes destes segmentos vão dobrar ou triplicar.
O Departamento de Estudos Econômicos do Banco Bradesco, na retrospectiva “Semana em Foco”, destaca que o resultado da inflação veio acima do esperado. A inflação foi puxada pela alimentação no domicílio e pela alta dos preços monitorados, refletindo o encarecimento das contas de energia elétrica e combustíveis. A gasolina subiu 2,85% e acumula alta de 39,05% em 12 meses.
No grupo de Alimentação , as carnes subiram 1,10% e contribuíram com 0,03 pontos percentuais de impacto. Além disso, houve altas também nos preços da batata-inglesa (10,41%), do café moído (7,80%), do frango em pedaços (4,70%), das frutas (2,81%) e do leite longa vida (2,01%).
A situação caótica na economia coloca a possibilidade de um racionamento de energia em 2022. O Departamento de Estudos Econômicos do Itaú-BBA destacou em nota que considera desastroso se realmente vier a acontecer o racionamento, também pelo motivo de que fortalece a candidatura do ex-presidente Lula (PT) em oposição a Jair Bolsonaro.
O caos econômico gerado pela política neoliberal implementada pelo governo Fernando Henrique Cardoso (1994-2002) teve como consequência a eleição de Lula. O racionamento da época FHC fez a economia despencar, a inflação acelerar, a produção industrial cair e o desemprego escalar.
Os banqueiros consideram que o Produto Interno Bruto (PIB) pode cair 1,5% com a decretação do racionamento em 2022. Na sequência, a inflação subiria ainda mais e haveria depreciação da moeda em 5%. O Banco Central elevaria, como resposta, a taxa básica de juros.
A situação da economia e da população refletem o caos econômico. A destruição da economia brasileira tem sido perseguida sistematicamente pelos golpistas. As privatizações das empresas estatais e a entrega das riquezas nacionais aprofundam o problema, pois representam a quebra de pilares básicos da economia.
O atendimento dos interesses dos banqueiros nacionais e internacionais é uma das políticas fundamentais do Estado brasileiro. O congelamento dos investimentos públicos por 20 anos (2016-2036) e a política de austeridade fiscal são expressões disso. Enquanto amplos setores da população empobrecem e são lançados no desespero, os bancos recebem recursos públicos astronômicos. Jair Bolsonaro e Paulo Guedes destinaram mais de R$ 1 trilhão para socorrer os banqueiros na pandemia do coronavírus.
A política do teto de gastos inviabiliza os investimentos públicos necessários nas áreas de emprego, educação, saúde, assistência social, ciência e tecnologia, seguridade social e moradia. A austeridade fiscal se configura como um dos principais motivos da penúria do povo brasileiro. Inclusive, deve-se salientar o caráter de classe da austeridade, que se traduz nos cortes orçamentários para os pobres e na generosidade com os ricos.





