O anúncio pela conta oficial do presidente do PSOL, Juliano Medeiros, do chamado “Fórum” de partidos parlamentares pelo Fora Bolsonaro vem dando o que falar. Nesta seara de grandes combatentes contra o regime golpista estão nada mais nada menos que os partidos que são hoje a base de sustentação do governo Bolsonaro. PSDB e até mesmo o PSL, partido do qual Bolsonaro pertencia quando eleito em 2018 entraram na suposta campanha pela derrubada do presidente.
O centrão encabeça esta política levando a reboque toda a esquerda pequeno-burguesa. Como um bom corno manso, a mesma esquerda que se considerou traída pela direita no golpe de 2016, hoje se ilude com as cínicas declarações de amor dos golpistas com a democracia. Os fascistas do MBL hoje marcham com rosas vermelhas nas mãos, aqueles que deram o golpe e protagonizaram um massacre em massa no campo, agora são os principais defensores dos indígenas, dos LGBTs, dos negres, das mulheres, do meio ambiente e dos animais. Doria é a figura chave de toda esta manobra, uma bela manobra, digna de novela, da burguesia brasileira.
O mesmo antes atraia bolsonaristas com sua postura fascista. Doria acordava mendigos com jatos de água fria no inverno, derrubava prédios com moradores dentro, erguia as bandeiras bolsonaristas mostrando estar de prontidão para esmagar quem surgisse pela frente, Doria era o cara. Agora, Doria defende os indígenas, Doria levanta a bandeira LGBT, Doria faz dancinha com Tico Santa Cruz e com a presidenta da UNE, um verdadeiro camaleão, que muda de cor a medida que a situação política. As pessoas mudam, não?
Por de trás de toda a campanha há a celebre frase do centrão brasileiro, odiada pelo povo, amada por seus aliados de conveniência: nem de esquerda nem de direita, muito pelo contrário.
Na propaganda, Doria é o equilíbrio, o homem que reflete o ying e yang da política nacional, e para os seus novos aliados da esquerda pequeno-burguesa tal característica não poderia ser mais bela. Isa Pena, dirigente estadual do PSOL em São Paulo, deixou claro este caso de amor proibido “quem a gente namora não define nada”, protestou. Na sequência a mesma solta a pérola que reflete bem a política dos frente amplistas “ou vocês nunca pegaram alguém de direita?”.
Quem nunca atire a primeira pedra!
A preocupação central do PSOL e de todos os partidos que entraram nesta política é a defesa dos interesses mais mesquinhos nas eleições, para ter um lugar ao sol vale tudo. Assim explica nossa frente amplista, quase como um “política para crianças”, onde se você não namora a direita “ninguém quer andar com a gente no recreio”.
No final das contas este é o cálculo central do PSOL, PCdoB, PSTU e todas as demais organizações que se juntaram em torno da política de alianças com a burguesia, todos querem ter com quem andar no recreio do congresso brasileiro. Lula, os trabalhadores, de nada valem em comparação a garantia de um lugar ao sol. É uma política sem princípios, tipicamente oportunista, contra os trabalhadores e contra a mobilização que explode há cinco meses em todo país, aquela que de fato pode derrubar Bolsonaro.