A empresária Luiza Trajano, presidente do conselho de administração do Magazine Luiza, declarou na sexta-feira (17) declarou que “qualquer aumento de imposto é ruim” quando questionada sobre a medida de Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido) que prevê a elevação do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre operações de crédito de pessoas físicas e jurídicas. A medida é uma forma de arrecadação de recursos para o custeio do Auxílio Brasil, programa social de transferência de renda desenhado para substituir o Bolsa Família, uma das marcas dos governos petistas.
Há rumores na imprensa capitalista sobre a possibilidade da empresária ocupar a posição de vice numa chapa encabeçada pelo ex-presidente Lula, atual primeiro colocado em todas as pesquisas eleitorais. Contudo, em declaração à imprensa, Trajano negou que esteja negociando com Lula e reiterou que não pretende sair candidata a nenhum cargo nas próximas eleições.
Setores da esquerda, inclusive no interior do Partido dos Trabalhadores (PT), consideram que seria uma estratégia acertada a aliança com a empresária do Magazine. Em seu ponto de vista, é como se fosse uma reedição da aliança Lula e o empresário do setor têxtil José Alencar (PL) que venceu a eleição presidencial de 2002. A aliança de um líder operário com um empresário é a materialização da política de conciliação de classes.
Nenhum representante da burguesia deve ser escolhido para ser vice numa chapa de Lula. Este é o caminho da derrota. Um vice da burguesia é uma forma de controle da classe dominante sobre o governo e também um meio de impedir que até mesmo reformas sociais mais substantivas, que se contraponham aos interesses da burguesia, sejam implementadas em favor das massas.
Um político da burguesia, Michel Temer (MDB), ocupou a posição de vice na chapa de Dilma Rousseff (PT). Temer não acrescentou absolutamente nada ao governo, não desfrutava de popularidade alguma. A partir do momento em que o imperialismo se decidiu pelo golpe de Estado, Michel Temer foi cooptado e assumiu o papel de conspirador em aliança com os partidos burgueses (PSDB, DEM, MDB, Progressistas, Republicanos, PTB, PL, SD) no Congresso Nacional. A aliança do PT com a burguesia serviu apenas para impedir o governo de avançar nas medidas em prol dos interesses da população e, além disso, a burguesia teve um ponto de apoio para realizar um golpe de Estado.
Um representante dos movimentos sociais (MST, CUT) é que deve ocupar a posição de vice numa chapa de Lula. Deve-se levantar um programa de reivindicações que atenda às necessidades fundamentais da classe trabalhadora, neste momento esmagada pela política neoliberal. O apoio ao golpe de Estado demonstrou que os empresários não têm qualquer preocupação com a situação do povo e somente atuam com vistas aos próprios interesses de classe.
Com Luiza Trajano não seria diferente. Como representante da burguesia, ela é inimiga dos trabalhadores e está comprometida com o golpe de Estado e com a política neoliberal. É preciso destacar que a aliança com a burguesia, conforme demonstrou a experiência histórica, é o caminho para o fracasso.