Membros do PT estão comemorando nas redes sociais a “conquista da unidade” com setores da direita golpista como o PSDB, o MDB e o MBL. A tal da unidade seria a participação desses golpistas no próximo ato pelo fora Bolsonaro, marcado para o dia 2 de outubro.
Com essa política, esses setores do PT estão se aliando à esquerda anti-Lula e anti-PT, ou seja, a esquerda que tem como política central a frente ampla com a direita, como o PCdoB e o PSOL. Para esses dois últimos partidos, querer a presença da direita é compreensível, ainda que profundamente oportunista. Afinal, PSOL e PCdoB querem a frente ampla, que atualmente, pode ser chamada também de terceira via. Por isso esses partidos sempre foram refratários à participação de Lula nos atos.
A presença de Lula derrubaria toda a manobra da terceira via e transformaria os atos, do ponto de vista eleitoral, numa mobilização também pela candidatura do ex-presidente. Agora, os que são contra a presença de Lula comemoram a possibilidade de o PSDB de João Doria estarem nos atos.
Mas qual seria a vantagem para o PT de estar junto com o PSDB? Apenas direcionar o enorme eleitorado de Lula para eleger alguém da terceira via, muito provavelmente João Doria.
O PSDB, o DEM, o MDB, o PDT, o PSB, a Rede, o MBL, o Vem pra Rua e mais uma porção de organizações golpistas juntaram todas as suas forças, toda a estrutura milionária desses partidos burgueses e do governo de São Paulo e não levaram ninguém para as ruas. O fracasso dos atos do dia 12/09 mostra a impopularidade de todos os grupos da direita golpista.
Os gênios políticos da esquerda defendem que se deve fazer aliança com “Deus e o mundo” contra Bolsonaro porque precisaria unir forças. A grande questão é: qual força real representam esses setores da esquerda se não conseguem levar ninguém para as ruas?
A esquerda sozinha levou uma quantidade de pessoas infinitamene maior em seis atos nacionais contra Bolsonaro. Qual foi a participação desses direitistas nessa mobilização? Nenhuma! Pelo contrário, ajudam a sabotar o movimento.
Alguém poderia argumentar: eles tem força no Parlamento. Mas eles são a favor do “fora Bolsonaro”? Não. O PSDB, por exemplo, sequer é a favor do impeachment.
O único resultado dessa aliança é desmoralizar a esquerda que está querendo lutar e ao mesmo tempo desviar a popularidade da esquerda para a terceira via. O final dessa historia está cada vez mais fácil de prever: um golpe orquestrado por essa mesma direita tira Lula da jogada e a propaganda da imprensa golpista transforma o candidato golpista da terceira via como o “representante do mau menor contra Bolsonaro”. E assim, todos fazem papel de trouxa, votando num fascista como João Dora.
Não sabemos se a história será exatamente essa, mas com certeza esse é o golpe que está sendo preparado pela burguesia para tirar Bolsonaro nas eleições e manter no poder um golpista pior que ele.
E vejam bem! O interesse dessa direita que a esquerda convida para os atos é meramente eleitoral. Ela não quer de fato derrubar Bolsonaro, quer encontrar a terceira via capaz de vencê-lo nas eleições, ou seja, sustentam esse governo, da mesma maneira que elegeram esse governo fascista.
E, se a manobra não for bem sucedida, os que agora a esquerda pinta como aliados irão novamente apoiar Bolsonaro contra Lula e toda a esquerda.
Com essa política de unidade com os golpistas, a esquerda está entrando numa arapuca. Os dois maiores derrotados com essa política será a mobilização e Lula.