Dia 14 de setembro de 1921 nascia Tomás Soares da Silva, mais conhecido como Zizinho, o grande craque das décadas de 1940 e 1950, herói de infância do rei Pelé. Ele nasceu no bairro de neves na periferia do município de São Gonçalo no estado do Rio de Janeiro e já ingressou no Flamengo aos 18 anos de idade, também passou pelo Bangu e pelo São Paulo ao longo de sua carreira quase conquistando o primeiro mundial para a Seleção em 1950 mas com muitas outros títulos como tricampeão do Carioca no Flamengo, campeão no Paulista e também à vitória na Copa América de 1949, foi um dos maiores jogadores de futebol do Brasil, e portanto de todo o mundo.
Zizinho foi o principal sucessor de Leonidas da Silva, o Diamante Negro, com quem jogou no Flamengo de 1939 à 1941. Se destacou com suas diversas vitórias em 1942, 43, 44, 46, 48 e com o auge em 49 na Copa América. Neste momento ela já havia se tornado o melhor do mundo e a Seleção estava preparada para ser vitoriosa também na Copa do Mundo que seria no Brasil. Contudo já no início do 1950 Zizinho sofreu o seu primeiro baque, em uma polêmica transação de 40mil dólares o craque foi transferido para o Bangu Atlético Clube. Posteriormente ele diria: “Difícil dizer o que me magoou mais, se foi a perda da Copa de 50 ou a minha saída do Flamengo… acho que foi a saída do Flamengo, a maneira como os homens que dirigiam o clube fizeram a transação me machucou muito… nunca aceitei”.
Além disso a campanha imperialista contra a primeira grande vitória do futebol brasileiro enquanto o movimento nacionalista entrava em seu período de auge (Getúlio Vargas seria eleito no futuro próximo) estava a todo o vapor. A Seleção brasileira parecia imbatível e Zizinho era o craque sendo indicado pela própria Fifa como o melhor do mundo no ano, mas a história é conhecida por todos, dada a gigantesca campanha contra o futebol nacional o Brasil perdeu para o Uruguai de 2 à 1 no templo do futebol, o estádio do Maracanã. O próprio Mestre Ziza teria dito acerca da situação “Se fosse em outro país, a gente não tinha perdido aquela Copa”.
Outro destaque na carreira do jogador foi a copa de 1954, no auge do golpismo contra Vargas, quando ele ainda era considerado o melhor do mundo mas não foi escalado para a seleção. A história contada é que na Copa América de 1953 em que o Brasil perdeu para o Paraguai houve um entrevero entre Zizinho e o técnico Aymoré que o notificou que a partir daquele momento ele nunca mais voltaria a jogar na seleção. O escrito José Lins Rego que era chefe da delegação na época também iniciou uma campanha contra o Ziza. Ele declarou posteriormente: “A única mágoa que tenho é ter deixado a seleção como indisciplinado. Aquilo não tinha sentido. Só sei que, após os incidentes do Sul-Americano de Lima, em 53, o José Lins do Rego, fez um relatório contra mim”.
Assim o Brasil perdeu mais uma vez o mundial em 1954 para a Hungria, que foi a campeã, e no ano seguinte Zizinho já estava sendo novamente convocado a reingressar na Seleção. Em 1957, já com 36 anos, ele saiu do Bangu para o São Paulo para ganhar o campeonato paulista no mesmo ano, neste momento ele já começava a jogar com o jovem Pelé que o considerava seu grande ídolo, ele era de longe o jogador mais famoso do Brasil. O seu futebol não impressionava só os brasileiros, durante a copa de 1950 o jornalista italiano GiordanoFatori escreveu “O futebol de Zizinho me faz lembrar Da Vinci pintando alguma obra rara”.
Por onde Zizinho passou ele deixou história, é o maior ídolo da história do Bangu, marcou também o Flamengo e o São Paulo e a própria Seleção Nacional quando mesmo sem a taça ele conquistou os corações dos torcedores de todo o mundo. Zizinho foi um dos craques que mostrou ao mundo que o futebol arte brasileiro é imbatível. O maior artilheiro de todos os tempos da Copa América faleceu em 2002 no município de Niterói, muito próximo de onde nasceu, mas seu legado é lembrado até os dias de hoje em que ele estaria fazendo seu aniversário de 100 anos de idade.
Brasil vs Iuguslávia na Copa de 1950, gol do Zizinho!