A esquerda brasileira se mostra frequentemente hostil e aparentemente combativa, leia-se agressiva, quando o assunto é a “luta contra a opressão”, que hoje para essa esquerda se materializa em reivindicações profundamente secundárias, e de cunho identitário, dos movimentos de setores oprimidos da sociedade. Mas aparentemente, toda essa bravura e truculência da esquerda desaparecem imediatamente quando o assunto é lidar com problemas reais, como é o caso do combate à extrema direita bolsonarista, da qual a nossa esquerda se mostrou terrivelmente amedrontada.
O medo que a esquerda tem do bolsonarismo é um fato, e por mais que a esquerda procure passar uma impressão em seus discursos acalorados (que por muitas vezes soam histéricos) nos carros de som das manifestações de que está combatendo firmemente a extrema direita, o que as suas atitudes demonstram, é que a esquerda está constantemente apavorada diante da extrema direita, e fará qualquer coisa, por mais inconsequente que seja para tentar se livrar do bolsonarismo.
Desde antes de Bolsonaro chegar ao poder a esquerda tem essa atitude, pois já vimos em 2018 sinais da política de mal menor, onde a esquerda votaria em um candidato direitista para tentar impedir Bolsonaro de chegar à presidência. Essa política não teve continuidade naquele momento pois o segundo turno das eleições se deu entre o candidato do PT, Fernando Haddad, e Bolsonaro, mas já víamos naquele momento a tendência da esquerda de apoiar qualquer um contra Bolsonaro, pois se fazia a propaganda de que a vitória da extrema direita seria o fim dos tempos na política nacional.
Com a vitória de Bolsonaro e o mundo não acabando, o natural seria que a esquerda ficaria um pouco mais consequente, vendo que a sua política anterior foi exagerada, mas esse não foi o caso.
Após a vitória de Bolsonaro para a presidência, só vimos essa tendência da esquerda de ficar a reboque da burguesia para tentar derrubar Bolsonaro se acentuar, através de inúmeras tentativas (que ainda perduram) de incluir a direita que deu o golpe de estado de 2016 no bloco da esquerda, ignorando todo o passado recente da política nacional. O delírio e o terror da esquerda são tamanhos que esta tenta integrar à frente Fora Bolsonaro partidos que inclusive apoiaram e chegaram a compor governo com Bolsonaro, como é o caso do PSDB, o partido mais detestado da burguesia nacional, que é um dos partidos com maior grau de concordância com o bolsonarismo no Congresso Nacional.
Por puro desespero, a esquerda, ao inserir esses elementos direitistas em suas fileiras, confunde o panorama político e limpa o nome de criminosos políticos como Ciro Gomes, Rodrigo Maia, Alexandre de Moraes e João Doria. Além de que, a esquerda ao guiar sua política pelo desespero irracional, dá apoio e legitimidade a instituições falidas e criminosas do estado burguês como a justiça eleitoral e o STF, que foram duas organizações fundamentais na operação do golpe de estado e na eleição do próprio Bolsonaro.