Para aqueles que estufavam o peito para dizer que o PCO não enche uma Kombi, os atos da ‘terceira via’, neste dia 12, deixaram claro que a realidade não é bem assim. A própria imprensa burguesa foi obrigada a reconhecer que estes não fizeram frente aos atos bolsonaristas. Aliás, não fizeram frente, nem de longe, às manifestações da esquerda, a despeito do amplo boicote que sofreram por parte de elementos vacilantes da direção do movimento.
O PCO vem insistindo que a manobra de setores direitistas da esquerda, o de dar carona para a “direita democrática” nos nossos atos, só tem um único beneficiado: os bolsonaristas “arrependidos”. Ficou totalmente claro, para quem quiser ver, que é a direita que precisa da esquerda.
Cansamos de ouvir a chantagem de que sem a adesão das alas golpistas, momentaneamente na oposição a Bolsonaro, Lula não vencerá as eleições. Na verdade, é a ‘terceira via’ que não vence sem os votos da esquerda. Para isso precisa esvaziar os atos da esquerda antes de, mais adiante, apresentar seu candidato como o ‘mal menor’.
João Biden… ou Joe Dória
O atual governador de São Paulo esteve no ato. O portal do Estadão noticiou que “Doria defende frente democrática contra Bolsonaro em ato na Avenida Paulista”. Como podemos ver, democracia é uma palavra que não sai da boca dos fascistas. O próprio governador, ora democrático, se apresentou às eleições como Bolsodória. Foi ele quem fechou inúmeras Farmácias Populares quando prefeito; e é sempre bom lembrar de casa derrubada com pessoas dentro; banho de água gelada em moradores de rua em pleno inverno; a Farinata, ração para crianças da rede pública feita com restos de comida. A ficha corrida é extensa. O João Vacinador, como quer agora se apresentar, tentou privatizar o Instituto Butantã.
Apesar de aparecer como candidato da ‘terceira via’, Doria é, de fato, a ‘primeira via’, pelo menos nos desejos da burguesia mais ligada ao imperialismo. Devido à crise do capitalismo, o grande capital internacional precisa aprofundar seus ataques à classe trabalhadora e, para isso, precisa de elementos que não se importem em massacrar ainda mais a população. O PSDB já deu mostras de que faz esse jogo, a política neoliberal do governo FHC destruiu a nossa economia em detrimento de interesses estrangeiros. O que querem fazer aqui é o mesmo modelo utilizado nos EUA: O mercado financeiro retira o candidato com mais intenções de voto e à esquerda, Sanders, das eleições; e apresenta seu candidato preferencial, Biden, como sendo a melhor alternativa ao espantalho, Trump. Com isso, arrastaram os votos da esquerda que, mesmo ludibriada, vai dormir feliz achando que fez a melhor escolha. Em outras palavras, nem vai perceber que terá colocado um fascista no governo pensando combater o fascismo.
Um jogo complicado
Claro que a operação ‘terceira via’ não é nada simples. Os atos bolsonaristas deram uma demonstração de força e a direita não vai se livrar dele tão facilmente. Os “fascistas democráticos”, por sua vez, não conseguiram, pelo menos por enquanto, encher uma Kombi, mesmo com a participação nos atos de João Doria (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Luiz Henrique Mandetta (DEM) e Alessandro Vieira (Cidadania). A esquerda frenteamplista também tem um pepino para descascar: vai insistir na tese de que sem os “arrependidos” não venceremos as presidenciais de 2022?
Apesar do fiasco, tem muita água pra rolar até as eleições do ano que vem. Porém, uma coisa deve ficar bem entendida para a esquerda: aqueles do nosso campo que estão trabalhando para a ‘terceira via’ traem a classe trabalhadora. Não podemos usar meias palavras. A única maneira de a luta avançar é tirando da frente tanto a direita quanto seus aliados infiltrados. A esquerda é poderosa e se livrar dos sabotadores é importante para se fortalecer ainda mais.





