A repercussão de que a deputada estadual Isa Penna (PSOL) de São Paulo iria ao ato convocado pela direita frente-amplista, mais especificamente pelo MBL de Kin Kataguiri, foi extremamente negativa tanto para seu partido, quanto para sua própria imagem. No entanto, a deputada resolveu manter sua participação na manifestação direitista e usar de ataques ao PT e a Lula como desculpas para que ela se junte com aqueles que deram o golpe de estado no Brasil em 2016 e que, até há pouco tempo, incentivavam a perseguição de professores, trabalhadores, ativistas de esquerda e etc.
Em sua conta no Twitter, a deputada publicou uma série de mensagens tentando explicar os motivos a teriam levado a aderir à manifestação da direita. Dentre eles, constam os argumentos de que a manifestação seria plural, que não seria somente do MBL, mas de mais partidos políticos, mesmo que em sua maioria esmagadora, tais partidos sejam todos de direita.
Oi gente! Pretendo com calma refletir muito sobre cada um dos comentários construtivos e super agressivos que li sobre o ato do dia 12, que pra mim não é mais do MBL… aliás, a rua não tem dono e muuuuuuito menos eles. É uma divergência tática e de caracterização.
— Isa Penna é Lula e Haddad 🌟 (@isapenna) September 10, 2021
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Só topei ir, porque o eixo ‘nem Bolsonaro, nem Lula’ foi alterado e agora é só #ForaBolsonaro. Acredito que um ato com tantos partidos como Rede, PDT, PSB, PSDB, MDB, PCdoB deve ser no mínimo considerado.
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Isa Penna também demonstra como argumento o fato de que é necessário construir uma frente ampla com os setores que deram o golpe de estado em 2016 para derrotar Bolsonaro.
Essa também foi a posição que a psolista demonstrou ter, em uma entrevista ao jornal Metróploes:
“Dia 12, eu vou muito convicta de que lá nascerão as condições de uma frente ampla. Bem antes das eleições de outubro de 2022. Vou porque o caminho da autoproclamação, do dualismo e a cultura política do ódio regrediram o nosso país”
Só PT e PSOL não vão, apesar de concordarem com o eixo do ato. Se essa é a vontade de construir uma frente ampla, estamos perdidos.
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Setores da esquerda têm tentado empurrar garganta abaixo da população a estratégia de frente ampla com os golpistas para poder fazer uma aliança com gente do tipo de João Doria, Amoedo, Kim Kataguiri e todas aquelas pessoas detestadas pela população, já que são responsáveis pela deterioração da qualidade de vida do povo.
Uma justificativa para realizar a frente ampla, seria a fraqueza da esquerda. No entanto, se você, leitor, tiver a curiosidade de procurar na conta do Twitter da deputada algum tipo de convocação para o ato no Vale do Anhangabaú no dia 7, você não encontrará. Isso, por si só, já demonstra que não houve nenhuma tentativa por parte da deputada em convocar os atos e que não é o povo e a esquerda que não têm força, são as lideranças dos partidos de esquerda que estão tentando boicotar os atos de esquerda para poder jogar o povo no colo da direita posteriormente.
Olho para a correlação de forças e não vejo um recuo do Bozo, nem um fortalecimento nosso de esquerda (que não por uma candidatura). E não falo de eleição, falo de superar a ideia bolsonarista que exigirá anooooos de trabalho de base bem feito.
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Seguindo em suas publicações, a deputada chega, finalmente, naquilo que é de fato o motivo pelo qual ela está
Onde o fascismo cresce o populismo anda de mãos dadas, só eleger Lula não será suficiente para isso. Ainda que possa ser a nossa única escolha.
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Ainda assim, mesmo com as tentativas de explicar seu posicionamento, o que se viu foi uma nova onda de críticas negativas à postura da deputada psolista no Twitter. Muitos dos seguidores disseram que deixariam de segui-la, outros disseram que ela usou do clássico falso argumento da direita “mais e o Lula?” para justificar sua posição direitista, alguns outros também lembraram, novamente, que o MBL chegou a atacar Marielle Franco, que era do mesmo partido de Isa Penna, após a vereadora carioca ter sido assassinada, dizendo que a militante era ligada ao crime organizado no Rio de Janeiro.
O posicionamento daqueles que, inclusive, disseram que chegaram a votar em Isa Penna, demonstra mais uma vez a polarização que existe no País. De um lado, a esquerda, de outro, a extrema-direita bolsonarista.