Quem caminhou pelas ruas das principais cidades do país nesse final de semana se deparou com uma grande quantidade de bandeiras do Brasil. Nas esquinas, semáforos, janelas, no painel dos caminhões, outdoors, e por aí vai, o verde-amarelo voltou a assombrar nessa véspera de feriado. Os motivos, todos sabemos: Bolsonaro entrou em cena e mobilizou as suas bases para ir às ruas nesse feriado de independência. Ao que tudo indica, seu chamado será atendido e veremos grandes manifestações bolsonaristas.
A identificação do bolsonarismo com as cores verde-amarelo é tão evidente, que quase ninguém desconhece que essa grande quantidade de bandeiras do Brasil nesse feriado está diretamente ligada às manifestações convocadas por Bolsonaro. Até mesmo o cidadão comum, ao ver uma bandeira do Brasil hoje, já a relaciona com Bolsonaro.
Diante disso, nós precisamos novamente relembrar o quão nociva é a política do verde-amarelismo dentro da esquerda, que sob o discurso de “resgatar os nossos símbolos”, procura descaracterizar os atos, manifestações e ações políticas em geral da esquerda, utilizando as cores que se tornaram o símbolo indefectível da direita brasileira, sobretudo da extrema-direita.
Adotar o verde-amarelo dentro das fileiras da esquerda é um ato de verdadeiro oportunismo, levado a cabo por uma esquerda que não tem convicções políticas nenhuma, e busca surfar na onda da grande imprensa, num ato de verdadeiro desespero atrás de voto. Essa esquerda está assustada e acuada desde antes do golpe, podemos dizer desde 2013, quando as manifestações foram usurpadas pela direita. É uma esquerda que, ao invés de combater a direita e o golpe, busca se adaptar à situação, dando uma verdadeira guinada à direita para tentar manter a todo custo seu lugar no regime político golpista. Ou seja, é uma vergonha total.
Além do mais, adotar as cores da direita nesse momento onde a disputa se acirra é justamente jogar água no moinho do fascismo. É confundir a população, já que o verde-amarelo, quer gostemos ou não disso, já está relacionado com a direita e principalmente com o bolsonarismo.
Até o presente momento, quando Bolsonaro decidiu de fato agir para mobilizar a sua base, o verde-amarelismo vinha sendo infiltrado nas manifestações da esquerda, por setores que já capitularam ao golpe, contando com a inocência de militantes que se deixam enganar por um nacionalismo de fachada. Cenas patéticas, como a do ex-presidente da UNE enrolado na bandeira do Brasil, demonstraram a que ponto chegou o desespero político destes setores ligados ao PCdoB, que tem sido o partido mais entusiasta das cores verde-amarelo.
Porém, após esse dia 7 de setembro, quando as manifestações bolsonaristas tendem a ser grandes e o verde-amarelo voltará à cena política com bastante força, será impossível manter essa política de capitulação dentro da esquerda. A luta entre a esquerda, entre a classe trabalhadora em geral, e a direita, principalmente a bolsonarista, será caracterizada também pelo confronto entre as cores vermelha e o verde-amarelo. É bom que esses setores da esquerda, que estão adotando as cores do bolsonarismo, repensem essa política, pois daqui pra frente não haverá mais espaço para camaleões na luta contra os fascistas e contra os golpistas em geral.
As bases operárias desses partidos, principalmente do PCdoB, precisam pressionar para que o partido abandone essa política oportunista e traiçoeira e volte a se caracterizar como a esquerda historicamente se caracterizou. Sobretudo, que abandonem a política oportunista da frente ampla e saiam de baixo da saia do PSDB. Ou então, que essas bases abandonem o seu partido e componham com o resto da esquerda um campo operário de luta real contra a direita golpista e bolsonarista. O verde-amarelo é a cor da direita. Após esse feriado, não restará mais sombra de dúvidas sobre isso.