Ano que vem é ano eleitoral e parte da esquerda já está cantando vitória antes da hora. Mesmo com a popularidade crescente de Lula tudo indica que as próximas eleições serão as mais manipuladas da história, mais do que 2018, eleição que deu a vitória a Witzel no Rio de Janeiro e deixou Dilma, Suplicy e Lindbergh de fora do Senado, mesmo estes liderando as pesquisas com folga e aquele ser um ilustre desconhecido.
Doria é, até o momento, o principal nome da terceira via, e tem à sua disposição todo o aparelho estatal do estado mais rico da União. Assim, para ele é muito fácil controlar as urnas em São Paulo. Mesmo antes do golpe, o PSDB sempre foi favorecido em São Paulo. Com exceção de 2002, nas demais eleições o PSDB venceu todas as vezes em São Paulo.
Em 2002 temos um exemplo de como é uma eleição quando a burguesia aceita um governo de esquerda e não trabalhar para impedi-lo. Se pegarmos as eleições anteriores, mesmo após a fraude contra o PT para eleger Collor e o desastre desse governo, a burguesia conseguiu eleger FHC no primeiro turno duas vezes seguidas. Após 2002, a disputa foi mais acirrada. Algumas pesquisas mostravam o PT vencendo no primeiro turno, mas isto nunca aconteceu. Como diz o próprio ditado burguês, “quem decide são as urnas”.
Em 2018 a esquerda achou que conseguiria reverter o golpe através das eleições, mas vimos que a burguesia estava disposta a prender Lula e proibir o ex-presidente de concorrer. O PT e Haddad foram bombardeados pela imprensa. Nos estados a fraude foi absurda, Witzel, um completo desconhecido, foi eleito passando na frente de Eduardo Paes e Romário.
A esquerda que dá a mais completa credibilidade ao processo eleitoral e à urna eletrônica será obrigada a reconhecer o resultado da fraude quando ela vier no ano que vem. O efeito de ter que reconhecer a fraude como sendo legítima é a desmoralização e o enfraquecimento político na hora de fazer uma verdadeira oposição ao governo e ao regime. Haddad após a derrota de 2018 foi às redes desejar boa sorte a Bolsonaro, e Guilherme Boulos declarou que não poderíamos pedir por Fora Bolsonaro pois isso nos igualaria a Aécio Neves.
Para que a burguesia seja obrigada pela força a respeitar a vontade popular, que é Lula presidente, é preciso de uma mobilização muito intensa capaz de pressionar os golpistas. Caso o contrário podemos esperar fortes ataques ao PT e manobras engenhosas para tirar o partido das eleições e eleger a terceira via ou mesmo eleger Bolsonaro novamente.





