O programa TV Mulheres nº 98, que foi ao ar no dia 29 de agosto, repercutiu o debate de quase quatro horas de duração realizado pelo Coletivo Rosa de Luxemburgo no último sábado. A questão central do debate era se as mulheres deveriam apoiar o Talibã que é apresentado pela mídia como um grande opressor do sexo feminino. As apresentadoras do programa concluíram que após o debate a única resposta possível é: “Sim, nós mulheres, devemos apoiar a vitória do Talibã”.
Uma questão abordada no debate foi o uso obrigatório da burca. Os dados apresentados demonstraram que apesar da liberação da obrigação de uso durante a ocupação americana, por questões religiosas, a maioria das mulheres afegãs preferiu manter a tradição. Outro ponto destacado quanto a vestimenta tradicional, que encobre todo o corpo da mulher, é que ela era considerada um meio eficaz de defesa das mulheres contra o assédio dos homens, inclusive dos militares americanos, disseram as apresentadoras.
Os americanos ocuparam o Afeganistão com o pretexto de fazer guerra ao terror, não estavam lá para formar uma nação ou proteger as mulheres afegãs. A posição geográfica estratégica e as riquezas do solo são interesses bem mais relevantes para o imperialismo no Afeganistão, país agrário e muito pouco industrializado. Nos últimos anos, as mulheres até podiam estudar, mas faltavam escolas. Os dados também mostram um aumento na prostituição e na violência contra a mulher, o índice de desenvolvimento humano (IDH) caiu, 70% da população sofre de insuficiência alimentar, falta água potável e a vacinação contra a COVID-19 atingiu até agora um percentual mínimo da população. Ao longo dos 20 anos de ocupação americana mais de 300 mil bombas foram jogadas, sendo que 43% dos civis mortos eram mulheres. A ocupação também não foi capaz de tirar o Afeganistão da terceira colocação no ranking mundial de países com maior número de refugiados. Todas essas informações foram apresentadas no debate dentro do Coletivo Rosa de Luxemburgo que se reúne todos os sábados.
O Talibã, um grupo de homens barbudos armados apenas com fuzis e lançadores manuais de foguetes não seria capaz de expulsar as tropas americanas sem apoio popular. Quem mais deseja o desenvolvimento do Afeganistão são os próprios afegãos.
O PCO defende o princípio da autodeterminação dos povos e todo militante de esquerda, socialista, comunista, revolucionário, deve ter a noção de que o imperialismo, simbolizado pelos Estados Unidos nesse caso, é o principal inimigo.
O imperialismo oprime os países atrasados. A vitória do Talibã é uma vitória dos oprimidos e impulsiona a luta de todos os povos pela liberdade, autodeterminação e desenvolvimento.