No último período, especialmente durante a pandemia, João Doria (PSDB), governador de São Paulo, buscou se apresentar como um opositor a Jair Bolsonaro, o presidente golpista, em uma série de questões, especialmente no suposto combate ao coronavírus.
Nesse quesito, Doria conseguiu até mesmo o apoio da esquerda, que, através de uma manobra escandalosa, tentou injetar o PSDB dentro das manifestações pelo fora Bolsonaro, no que resultou em naturais conflitos com manifestantes, especialmente companheiros do PCO.
Essa é a política da frente ampla, na tentativa de resgatar tradicionais bolsonaristas, como João Doria, e apresentá-los como uma alternativa diante de Bolsonaro nas eleições. É a terceira via que segue em discussão dentro da burguesia a todo vapor.
Não fosse o quebra pau com o PSDB na avenida Paulista, é possível que neste momento estivesse pacificada a presença do PSDB dentro dos atos da esquerda, e que a esquerda fosse obrigada a se juntar com o MBL nos atos de setembro agora, como o queria João Doria.
O governador de São Paulo, em sua última ação, revelou que, de fato, é um bolsonarista tradicional. Entregou a avenida Paulista para a direita golpista no dia 07 de setembro, para a realização de seu ato e decidiu proibir que a esquerda se manifeste neste mesmo dia, mesmo que seja em outro local.
O 7 de setembro é data tradicional de manifestação da esquerda, através do Grito dos Excluídos, que buscou, em seu início, fazer uma oposição aos atos oficiais dos governos, aos desfiles militares, etc. É uma manifestação que ocorre em todo o Brasil, mas que em São Paulo encontrou obstáculo na ditadura de João Doria, que entregou a data de mão beijada aos bolsonaristas.
A Justiça de São Paulo decidiu, no dia 28/08, que Doria não pode impedir uma manifestação, tal como pretende fazer, e que, assim, a manifestação da esquerda poderia acontecer sem maiores problemas. O ato está marcado para o Anhangabaú, às 14 horas. Mas é preciso analisar a questão friamente, especialmente porque o Poder Judiciário do estado está, faz muito tempo, nas mãos do próprio PSDB. É possível que a decisão seja apenas para evitar a desmoralização do governador, que pode enfrentar uma manifestação realizada apesar da decisão dele.
No frigir dos ovos, João Doria é um bolsonarista, mas da direita científica, civilizada, como buscam apresentar os meios de comunicação da imprensa golpista. Uma oposição de fachada para levar adiante os mesmos planos (ou piores) levados adiante por Jair Bolsonaro.
A tentativa de apresentar João Doria como um opositor a Bolsonaro é apenas para resguardar os interesses da burguesia no país, conferindo estabilidade aos planos de vender o que restou do Brasil nas mãos de um direitista menos febril. É a terceira via, que contaria com a saída de Lula do pleito presidencial, especialmente pela fraude, pelo golpe, e levaria a decisão das eleições para uma disputa entre Bolsonaro e Doria.
De qualquer maneira, se apresentar Doria como científico, civilizado e até mesmo identitário não resolver, a burguesia vai de Bolsonaro mesmo, na falta de algo melhor. Para o interesse do povo, na realidade, não há oposição entre Doria e Bolsonaro.





