No glorioso dia 15 de agosto de 2021, os Estados Unidos fugiram do Afeganistão depois de 20 anos ocupando o país. A capital foi tomada e os norte-americanos tiveram que precipitar sua saída, prevista para 11 de setembro.
Segundo Donald Trump, os EUA sofreram “a maior derrota da sua história” com a retirada. O Financial Times, jornal do grande capital imperialista comparou a derrota com a revolução iraniana de 1979, a revolução cubana de 1959 e a expulsão do imperialismo do Vietnã em 1975. Segundo eles, “a queda de Cabul vai acabar com a influência norte-americana no Afeganistão provavelmente por décadas”. Fica claro aqui que tal derrota enfraqueceu de maneira importante a dominação imperialista no Oriente Médio.
Os Bolsonaro, evidentemente, também lamentaram o fato.
Mas o surpreendente é que não é só a direita, mas também a esquerda que está fazendo campanha contra a tomada do País pelo Talibã.
Como o grupo é fundamentalista e tem uma posição extremamente reacionária em relação às mulheres e LGBT, acabaram por defender a ocupação imperialista de um país oprimido.
É irônico que essa frente única tenha ocorrido depois que essa mesma esquerda caluniou o PCO chamando-o de bolsonarista e trumpista pelo fato de o partido defender o armamento da população – posição indispensável a qualquer revolucionário – e ter falado que o governo de Biden seria pior do que o de Trump.
Agora a esquerda faz frente única com a extrema direita, não por posições como o armamento, mas sim em defesa do maior inimigo da humanidade, como já classificava Che Guevara, os Estados Unidos da América.
Atacam o Talibã não porque o povo tenha derrubado a organização e instaurado um governo democrático, progressista ou socialista, mas sim em um momento em que a população expulsou os invasores imperialistas, que ocupavam o país há mais de 20 anos.
A frente não é fortuita. No caso de Trump, criticaram uma matéria do colunista do DCO Eduardo Vasco, que ressaltava que Trump não tinha sido pior do que os governos democratas. O grande crime, na verdade, era atacar os democratas, lembrando que foi sob um governo democrata que foi articulado o golpe militar no Brasil. Ou seja, atacaram o PCO em defesa do imperialismo norte-americano.
Agora, fazem frente com Trump e Bolsonaro contra o talibã, ou seja, também em defesa do imperialismo norte-americano. Essa é a base do antagonismo com o PCO. E nesse antagonismo estão juntos não só com Bolsonaro, mas também com a imprensa golpista, como a Veja e a Jovem Pan, que saíram em um ataque furioso contra o PCO.
No caso do Talibã se destaca claramente a ideologia identitária, que coloca os o problema da opressão da mulher e de outros setores acima do problema fundamental, a saber, de classe e da dominação imperialista, mostrando que tal ideologia está a serviço dessa dominação.