No dia 13 deste mês, dois policiais militares morreram em um confronto em Vitória da Conquista – BA, supostamente por integrantes de uma comunidade cigana da região. Desde então, a polícia fascista, carrasca e inimiga do povo usa o acontecimento para aterrorizar os ciganos da localidade, com atentados, emboscadas, atear fogo nas comunidades e até ameaças e tentativas de assassinato a mulheres e crianças ciganas, que estão sendo caçadas como animais pela PM nazista da Bahia.
A polícia conta sua versão do que supostamente teria acontecido com a morte dos policiais, de que um grupo de ciganos teria cercado e matado os PMs, versão propagada pela imprensa golpista sem qualquer questionamento, devida apuração, processo judicial ou condenação dos supostos assassinos. O que se sabe por outro lado é que os agentes da repressão sempre atuaram com extrema violência contra a população, os trabalhadores, os povos oprimidos, sendo o povo cigano um alvo constante desta violência.
Antes do suposto assassinato dos PMs que em tese motivou a atual perseguição, os ciganos da região e de outros locais já sofriam com a repressão policial, com a perseguição e a violência da PM contra sua comunidade. Objetivamente pode-se dizer que caso fosse verdadeira a acusação de assassinato de dois PMs por ciganos, isto não constitui sequer 1% da violência sofrida pelo povo cigano nas mãos do aparato repressivo do estado, mais especificamente da PM e quem sabe, dos próprios PMs que morreram.
Pouco importa aqui se foram emboscados ou não, se foram os ciganos ou não, o que deve ser observada é a brutalidade com que agem estes elementos fascistas contra a população, sobretudo se são setores mais miseráveis e marginalizados como os ciganos; como se sentem confortáveis de praticar seus crimes, como não têm qualquer receio de sofrer represálias por parte das instituições.
E isto acontece não por acaso, a polícia e seus agentes reacionários não encontram qualquer motivo para se intimidarem pelo que fazem diante das instituições burguesas, afinal já fazem as mesmas coisas em nome da própria burguesia que comanda a repressão e de forma tão feroz quanto às cometidas agora por estes grupos contra os ciganos; neste sentido não haveria porque pensar em sofrer revelias pelo estado burguês que já possui tais práticas institucionalmente.
Isto é preciso ter claro: o massacre que está acontecendo de forma mais escancarada contra os ciganos em Vitória da Conquista em nada difere do massacre promovido pela burguesia contra os trabalhadores cotidianamente. A violência que está sendo aplicada por estes grupos de policiais por fora da instituição é a mesma violência usada por estes mesmos policiais a mando destas instituições, do Estado burguês inimigo dos ciganos e de todo o povo oprimido.
Se há alguma diferença é a formalidade, fora da coleira do Estado os cachorros loucos da burguesia agem descontroladamente, ateiam fogo nas comunidades ciganas, ameaçam mulheres ciganas, atiram em uma criança cigana de 13 anos de idade e daí a pior, o que talvez não o fizessem tão escancaradamente em nome do estado ou o fariam de outras formas, com ordens judiciais, autorizações para perseguir e matar o povo.
Os ciganos de ao menos três etnias estão sofrendo ataques e sendo obrigados a fugirem, deixarem seus lares e procurarem abrigo em outros locais ou comunidades que por sua vez também têm medo de recebê-los por conta da perseguição nazista. Já são cinco mulheres e sete crianças ciganas que estão sendo encaminhadas para o programa de proteção à testemunha por conta dos acontecimentos em Vitória da Conquista.
A PM agindo desta forma revela finalmente como a direita, seu aparato repressivo e a burguesia são inconciliáveis com o povo, a luta popular passa ao contrário por combater estes elementos que ameaçam a sua sobrevivência, sua humanidade, seja quando têm seus direitos ameaçados e retirados formalmente- como vimos, por exemplo, com reforma trabalhista e previdenciária-, seja quando são postos em caça como animais – como está acontecendo com os ciganos na Bahia.
Estes são os verdadeiros inimigos dos trabalhadores, que tocam fogo em comunidades ciganas, espancam mulheres, reprimem manifestações; é contra estes elementos que a revolta popular se direciona, aos seus inimigos reais e de agora, não as estátuas que não representam nenhuma ameaça para o povo, como tentam fazer parecer a imprensa burguesa e setores tomados pelo identitarismo que busca confundir a luta popular. Por isto é preciso não atear fogo em estátuas, mas sair às ruas e exigir o fim da Polícia assassina e fascista!