A mobilização popular nas ruas tem se mantido constante desde o ato de 1° de maio em São Paulo que quebrou de vez a paralisia das direções da esquerda que foi obrigada a acompanhar as tendências cada vez mais radicais das bases trabalhadoras em torno de suas reivindicações e contra a direita.
Uma destas reivindicações, a propósito, é o próprio ex- presidente Lula que em todas as manifestações populares, das menores às maiores, sejam mutirões de bairro ou atos nacionais com milhares de pessoas, aparece como principal nome entre os trabalhadores. Não é nada incomum por exemplo em uma simples panfletagem pelo Fora Bolsonaro nos depararmos com alguém perguntando espontaneamente: “é do Lula?” , “Lula vai voltar?” ou exclamando: “é Lula!”.
Recentemente com a intensificação dos atos de rua que finalmente estão sendo chamados pela esquerda, uma pergunta que sempre é feita no mesmo estilo das anteriores é “Lula vai?”. Numa simples pergunta, que para alguns inclusive é absurda, se revela algumas observações interessantes, sobretudo quanto à já evidente popularidade de Lula entre as bases operárias e pobres, e quanto à polarização do povo contra a direita.
O povo quer Lula nas ruas, participando da mobilização. Lula é a figura de maior popularidade entre o povo trabalhador e oprimido, e isto não é nenhuma eventualidade, um gosto pessoal ou individual; é reflexo do acirramento da luta de classes entre a burguesia e os trabalhadores. A popularidade do ex-presidente se deve não ao discurso mas à sua efetiva participação e fortaleceu a luta dos trabalhadores que enfrentou a ditadura, fundou um partido para os trabalhadores, uma central sindical, etc.
Quando um trabalhador pergunta se Lula vai ao ato não é nenhum absurdo, é o que ele entende necessário para a intensificação e fortalecimento da luta política da classe trabalhadora. Lula, sua liberdade, sua candidatura, etc, estão finalmente, junto com o Fora Bolsonaro, dentre as principais reivindicações do povo, que defende os direitos do ex- presidente como os direitos da sua própria classe.
O Fora Bolsonaro e a candidatura de Lula são expressões da intensificação da polarização política dos trabalhadores contra a burguesia. As tentativas fracassadas de a direita se infiltrar nas mobilização populares se devem a isto, as massas são contra a participação da direita, por isso a expulsão da direita dos atos é apoiada pela maioria esmagadora das bases. E são contra a participação da direita e querem Lula nos atos porque entendem como forças políticas opostas, uma que atua para o esmagamento do povo, e outra na qual deve se apoiar contra a direita inimiga.
Lula é a expressão desta polarização dos trabalhadores, e a polarização nunca é boa para a burguesia, por isso tenta atuar no “meio termo”, “no centro”, mas que na verdade apoia e dissemina a política de ataques ao povo, ou seja, a política do centro, ou da “direita civilizada”, no fim das contas é a mesma que a de Bolsonaro, que inclusive se elegeu graças ao golpe dado pelos “civilizados” que agora tentam se passar por antibolsonaristas e querem apresentar a “terceira via” contra a polarização.
A participação de Lula nos atos serve para deixar as coisas claras, para desmascarar a direita que tenta se passar por aliada do povo quando na verdade é seu principal inimigo. Lula nos atos é o mesmo que a classe operária em massa nos atos, ou seja, eles aumentariam significativamente de tamanho, se tornariam infinitamente mais populares e radicalizados, o que por si só acabaria com as chances da direita de se infiltrar ou manipular os atos pois a situação se tornaria muito bem definida entre os que querem a luta popular e os inimigos desta luta.