“Cachorro que late, não morde”, esse ditado popular parece ser mais preciso na política do que no mundo animal, pelo menos no que se refere à política da esquerda pequeno-burguesa.
Estamos acostumados a presenciar muito discurso. No gogó, todo mundo é combativo e revolucionário, até o mais reformista e oportunista dos partidos de esquerda. Mas na hora “H” não é assim.
Mais impressionante são os grupos que se esforçam para parecerem mais radicais. O esforço visa a uma diferenciação com a esquerda reformista. Falam em revolução, em socialismo, alguns até falam em ditadura do proletariado, outros, mais ousados, falam em ação direta. Mas na hora do vamos ver, eles negam fogo, como se diz na gíria.
Na última segunda-feira (12), vários partidos e grupos da esquerda se reuniram em frente ao Consulado de Cuba em São Paulo contra a ameaça de gusanos golpistas aparecerem por lá. Todos os companheiros presentes estão corretíssimos.
Os gusanos que apareceram por lá foram poucos. Talvez 20 ou 30, no máximo. O objetivo da presença da esquerda no Consulado era proteger o local e botar a direita para correr, caso ela tentasse alguma coisa.
Alguns militantes foram para cima dos gusanos para impedi-los de chegar perto do prédio do Consulado, o que de fato aconteceu. Os gusanos são não levaram uma coça por dois motivos: havia algumas crianças entre eles, e a polícia estava lá. Mesmo assim, houve uns dois ou três arranca-tocos.
Enquanto isso, o que fizeram os grupos radiciais que se encontravam lá? Ficaram parados.
Depois de alguns discursos a favor de Cuba, eles preferiram manter a combatividade só no discurso mesmo. Do PCdoB, partido de caráter bastante oportunista e reformista, não dá para esperar muito coisa.
Mas estavam lá os pretensos revolucionários do PCB e da UP. E o que fizeram para expulsar os gusanos? Ficaram paradinhos na calçada.
Não mandaram nem mesmo alguns de seus militantes para atravessar a rua para compor a linha de frente do ato. Quem estava lá sabe que se houvesse um pouco mais de gente na linha de frente, os gusanos teriam ido embora mais rápido.
Nós sabemos que a esquerda pequeno-burguesa, apesar de se dizer revolucionária, compartilha a ideologia pacifista pregada pela burguesia, bom exemplo disso é que são contra o armamento do povo. Mas não era preciso atravessar a rua para bater em ninguém, bastaria fazer pressão para que os gusanos fossem embora.
Os dirigentes de UP e PCB presentes ali argumentaram que não iriam atravessar a rua porque tinham que “guardar o Consulado”. O problema é que esse argumento não vale nada, afinal, existe melhor jeito de guardar o Consulado botando para correr os gusanos? Claro que não. Sem contar que não havia ninguém tentando se aproximar do prédio a não ser os poucos gusanos que estavam por ali.
Parece que o “heroísmo” e combatividade da esquerda que se diz revolucionária fica mesmo só no discurso. Se depender de uma ação mais efetiva, melhor não contar com ela.